Como fazer uma boa conclusão na redação?
*Por Bruna Moscardo, professora do Anglo Vestibulares
Seja por falta de informação, seja porque o projeto de texto é feito às pressas, a conclusão costuma ser uma parte da redação bastante negligenciada. Infelizmente, contudo, uma conclusão que não é bem-feita deixa evidente as lacunas da argumentação. Isso porque o parágrafo final cumpre uma função que, apesar de não ser a mais difícil, não é menos desafiadora: arrematar a costura do raciocínio argumentativo. Vamos entender algumas formas de fazer esse encerramento.
No modelo da conclusão por síntese, o objetivo é simples: recuperar o posicionamento e os argumentos-centrais de forma a gravar no leitor a memória do seu percurso argumentativo. De fato, como a função da conclusão é resumir, ela, em alguma medida, vai repetir as informações já desenvolvidas, porque não lhe cabe adicionar novos argumentos. Por isso, não é conveniente trazer novas citações, ainda que sejam simples frases de efeito, já que não há mais espaço para desdobrá-las e elas seriam conteúdos apenas decorativos. A forma como você vai recuperar as ideias centrais deve imprimir um último efeito de convencimento, o que se consegue por meio de paráfrases e pela retomada não apenas dos argumentos e da tese, mas também dos exemplos ou daquele repertório que você usou na contextualização. A síntese, portanto, não é simples repetição de tese e argumentos. Ela deve contemplar o percurso do raciocínio, recompondo os exemplos, as analogias e a ordem em que as ideias foram apresentadas.
Por outro lado, existe a conclusão por dedução. Ela prevê o desdobramento, as consequências lógicas do que foi previamente construído. Por flertar com a possibilidade de trazer informações novas, ela pode mais facilmente induzir à quebra do princípio de coerência (ou seja, argumentar no lugar de concluir) e inserir reflexões artificiais e forçadas que não são produto orgânico da argumentação. Não por acaso, ela exige mais técnica e preparação. Vamos a um exemplo! Supondo que se trata do tema da Fuvest 2021 "O mundo contemporâneo está fora de ordem?", o candidato poderia apresentar a tese de que o mundo está, sim, fora de ordem e desenvolver uma argumentação que explicita como a organização econômica e política desrespeita a dignidade humana. Nesse sentido, poderia deduzir na conclusão que, contraditoriamente, existe uma ordenação da sociedade contemporânea, mas que suas condições não devem ser aceitáveis e, por isso, é possível afirmar que o mundo está fora de ordem. Percebe como a conclusão chega a essa inferência sem elaborar uma tese completamente nova?
Por fim, no caso da conclusão por intervenção, a orientação é: retomar brevemente a sua tese e apresentar a proposta de intervenção. No caso do Enem, esta deve informar agente, ação, modo e finalidade. O quinto elemento obrigatório é o detalhamento, o qual pode ser apresentado a partir de exemplos ou de uma simples explicação da função do agente escolhido. São formas de você legitimar a escolha desses elementos e, portanto, dar-lhes profundidade. Veja que a intervenção é uma mescla de síntese e dedução. Dessa forma, ela precisa estar articulada aos seus argumentos e inferir o desenlace do seu diagnóstico.
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