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Como debater o racismo através do cinema?

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21/08/2020 14h00

Por Rene Araújo, professor do Anglo Vestibulares

Em maio de 2020, com o brutal assassinato de George Floyd por um policial branco, inúmeros protestos eclodiram nos EUA e em outros países, reafirmando que "vidas negras importam". O movimento Black Lives Matter denuncia, desde 2013, o racismo presente na sociedade norte americana e a condição de exclusão e violação da população negra naquele país.

Observamos que, no Brasil, as condições dos negros também são adversas e marcadas por constante marginalização, pobreza e violência – de forma intensa e naturalizada pela sociedade. São inúmeros casos de violações de direitos e agressões físicas, simbólicas, econômicas, culturais e institucionais, que organizam e estruturam o tecido social brasileiro.

Como nos explica o professor Silvio Almeida, essa realidade é construída em torno de um racismo estrutural, dado por um processo histórico e político, que atua nas mais diversas dimensões da vida social: na economia, no direito, na política, entre outros. Desse modo, o racismo cria exclusão, mas também cria poder. E é esse poder que, para manter a si mesmo, garante a manutenção do racismo e das mais perversas consequências.

Por ser tão presente na realidade, a questão racial já foi abordada em vários filmes, séries e documentários. Em "No calor da noite" (1967), levanta-se a discussão sobre como, no imaginário de muitas pessoas, os negros são suspeitos e precisam provar sua inocência o tempo todo, como o racismo sistematiza as relações sociais, a desconfiança, a agressão e o preconceito moldam a forma como os negros são tratados. Isso também é abordado em diversas produções culturais, por exemplo "Olhos que condenam" (2019), série dirigida por Ava DuVernay, responsável também pelo filme "Selma: uma luta pela igualdade" (2014), que trata da vida de Martin Luther King, e pelo documentário "13ª Emenda" (2016), que problematiza o fim da escravidão nos EUA e o encarceramento em massa dos negros. "Faça a coisa certa" (1989), de Spike Lee, retrata a falta de investimento e de políticas públicas nas comunidades majoritariamente negras, além da violência policial, precarizando as condições de vida desses grupos, seja nos guetos dos EUA, seja nas favelas brasileiras.

No Brasil, muitas produções retratam a nossa desigualdade social, e não há como separar esta da questão racial. Uma obra relevante é o filme "Quanto vale ou é por quilo?" (2005), que relaciona o comércio de escravos no Brasil do século 18 com a atual condição de miséria e exploração da população pobre e negra. Vale destacar também a série e o filme "Cidade dos homens", que traz a história de dois jovens amigos, moradores de uma favela carioca e cercados por barreiras sociais, julgamentos e preconceitos da classe média branca e a violência física e psicológica causadas pelo tráfico e pela polícia.

Essas são algumas dicas que podem levar a reflexões sobre o tema e a uma melhor compreensão de como o racismo estrutura as nossas relações sociais.

Sobre os Autores

O Dicas de Vestibular é produzido e atualizado pelos professores do Anglo Vestibulares e do Sistema Anglo de Ensino.

Sobre o Blog

Neste espaço, o estudante encontra temas da atualidade, conteúdos que mais caem nas provas e dicas para se sair bem nos processos seletivos e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O conteúdo também é útil aos interessados em provas de concursos.

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