Algas são demais: elas produzem oxigênio, ajudam a saúde e são comestíveis
*Por João Carlos Rodrigues Coelho, professor do Anglo Vestibulares
O que são as algas? As algas são organismos eucariotos (possuem carioteca), autótrofas (a maioria das espécies) que compõem um grupo muito diversificado de vida. Muitas são macroscópicas, multicelulares, e vivem fixas nos ambientes aquáticos, como nos costões rochosos. Mas a maioria é unicelular (microscópica) e faz parte do fitoplâncton (conjunto de seres autótrofos levados pelas correntes) nos ambientes aquáticos, os quais cobrem cerca de 70% da Terra, onde realizam fotossíntese nas profundidades até onde a luz atinge, o que pode ser a 200 metros da superfície do mar.
Por isso, são responsáveis pela produção anual da maior parte de oxigênio de nosso planeta, ainda mais se considerarmos que vivem ao lado das cianobactérias (seres procariotos, desprovidos de cloroplastos, mas possuidores de clorofila), que também fazem parte do fitoplâncton e produzem oxigênio.
Disto vem a concepção de que de os ambientes aquáticos é que constituem de fato "pulmão da Terra", e não a Floresta Amazônica, a qual, embora realize muita fotossíntese, também tem altas taxas de respiração. Principalmente hoje, com a recente diminuição de chuvas na Amazônia, devido ao aquecimento global, que causou a redução da taxa de fotossíntese da floresta. (Sugestão de leitura: No Inpa, cientistas alertam para baixa absorção de carbono pela floresta amazônica)
Além dessa grande importância ecológica, diversas pesquisas têm sido feitas com as algas, e os resultados proporcionam perspectivas muito interessantes. Por exemplo, elas podem ser utilizadas como biofertilizantes (adubos) nas lavouras ou como fonte de nutrientes na criação de animais. Isso já é feito em vários países, onde macroalgas como as do gênero Lithothamnium, extraídas do mar no litoral do Maranhão e ricas em cálcio e magnésio, são incorporadas à alimentação de frangos e no cultivo de plantações de milho e tomate.
Elas também estão visadas para o tratamento de esgoto, pois absorvem o excesso de minerais, como o fosfato, resultante da decomposição bacteriana de detergentes, que podem causar eutrofização (multiplicação exagerada de algas, devido ao acréscimo de nutrientes minerais em meios aquáticos).
Atualmente esses íons são removidos por meio de adição de compostos químicos que causam sua precipitação nas estações de tratamento e depois são recolhidos e enviados para aterros sanitários, transporte que obviamente envolve custo elevado. Porém, uma vez que o fosfato faz parte de diferentes moléculas das algas – como o DNA, RNA, ATP e fosfolipídios – e elas se desenvolvem muito bem com a água resultante do tratamento de esgoto, depois do processo, elas poderiam ser recolhidas, desidratadas e utilizadas como fertilizantes.
E tem mais! As algas revelaram um amplo campo para a produção de medicamentos, a partir de moléculas produzidas por elas. Há diversas pesquisas neste campo, das quais se obteve interessantes resultados com a inibição da enzima transcriptase reversa, utilizada pelo vírus HIV, causador da AIDS, o que impossibilita sua reprodução dentro das células. Há também compostos químicos citotóxicos (matam células) de grande interesse na eliminação de células tumorais e antioxidantes, que reduzem a formação de radicais livres que danificam moléculas, como o DNA.
Surpresa final: você come produtos com carboidratos de algas frequentemente e nem percebe. Sabe onde eles estão? Nos sorvetes, pães, massas de bolos, cremes de doces e em outros diversos produtos bem macios e aerados. Sabe por quê? Porque esses carboidratos são emulsificantes, isto é, são responsáveis pela emulsão (mistura de líquidos imiscíveis – aqueles que naturalmente não se misturam), proporcionando textura macia e homogênea a diversos produtos comestíveis.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.