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Os dias da Terra

Dicas de Vestibular

18/04/2019 15h45

* Por Márcio Sampaio, professor do Anglo Vestibulares

Terra vista da Lua durante a missão Apolo XI (20 de julho de 1969).

O longínquo ano de 1969 nos lembra do momento em que o homem pisou em solo lunar. Neil Armstrong, com sua célebre frase sobre o "grande passo da humanidade", indicou que as pretensões humanas tinham ultrapassado os limites do planeta.

Enquanto isso, a 400.000 km dali, aqui na nossa Terra, iniciava-se um movimento que lembraria a humanidade que o nosso planeta não deveria ser esquecido em prol de outros astros. Em janeiro daquele mesmo ano, um desastre ambiental provocado por um vazamento de petróleo ocorrido em Santa Barbara, na Califórnia, motivou ativistas a adotarem, no ano seguinte, uma data a favor da conservação ambiental: o "Dia da Terra". A data escolhida foi 22 de abril, um dia que se encaixava de forma estratégica dentro das férias escolares de primavera nos Estados Unidos. O engajamento estudantil na questão ambiental seria fundamental, assim como foi durante as manifestações contra a Guerra do Vietnã.

O primeiro "Dia da Terra" reuniu, segundo seus organizadores, 20 milhões de norte-americanos nas ruas e serviu como estímulo para a criação da Agência de Proteção Ambiental Estadunidense. A passagem entre os anos 1960 e os anos 1970 apontava para o surgimento de uma preocupação ambiental global e um "despertar da consciência ecológica" ligada a manifestações, conferências e obras que tratavam da relação entre homem e natureza. "Primavera Silenciosa", de Rachel Carlson (1962), "Limites do Crescimento", do Clube de Roma (1971), e a "Hipótese Gaia", de James Lovelock (1979), talvez sejam as obras mais conhecidas dentro do movimento ambientalista até hoje. Problemas relacionados ao sustento de uma demanda crescente por alimentos, recursos naturais e energia dominavam as preocupações ambientais. Impactos de caráter regional, como o smog londrino, as chuvas ácidas e a contaminação de águas superficiais, eram indícios dos desequilíbrios gerados na relação homem-natureza.

Em relação a esses anos iniciais do século XXI, podemos dizer que as preocupações ambientais se tornaram globais: a enorme ilha de lixo do Pacífico, a desertificação, a perda acelerada de biodiversidade e o aquecimento global representam problemas que demandam soluções compartilhadas entre diferentes Estados. Seguindo essa lógica mundial, a ONU resolveu adotar, em 2010, o "Dia da Terra", renomeando a data como "Dia Internacional da Mãe Terra", em uma tentativa de abarcar diversos povos que adotam essa forma de referência ao planeta.

Embora seja uma data significativamente histórica e marcada nos últimos anos por protestos ao redor do mundo, podemos dizer que o "Dia da Terra" foi substituído por outras datas menos simbólicas que nos lembram da necessidade de enfrentar as grandes questões globais: as sextas-feiras.

As "Fridays for future" nasceram da iniciativa da estudante sueca Greta Thurnberg, de 16 anos, que desde agosto do ano passado faz greve escolar pelo clima diante do parlamento sueco, às sextas-feiras, com o intuito de forçar o governo a seguir o Acordo Climático de Paris. Esse movimento individual chamou a atenção de diversos outros jovens e cientistas do mundo todo que aderiram ao movimento da garota sueca, e expandiram as paralisações estudantis para diversos países. Greta Thurnberg chegou a ser convidada para participar da Conferência sobre Mudanças Climáticas de 2018 realizada na Polônia (COP-24). Seu discurso foi histórico e nos lembrou de todos os grandes problemas ambientais atuais, além de mostrar o poder que a pressão da sociedade possui.

"Não viemos aqui para implorar aos líderes mundiais que se preocupem com nosso futuro. Eles nos ignoraram no passado e irão nos ignorar novamente. Viemos até aqui para informá-los que a mudança está a caminho, queiram eles ou não. As pessoas se unirão a este desafio. E, já que nossos líderes se comportam como crianças, teremos que assumir a responsabilidade que eles deveriam ter assumido há muito tempo".

Discurso de Greta Thornberg na COP-21 (dezembro de 2018)

Não deixa de ser curioso observar que um movimento que nasceu vinculado às férias escolares de 1970 pode estar sendo renovado a partir de uma greve estudantil individual a partir de 2018.

Boa sexta-feira e bom Dia da Terra a todos!

Sobre os Autores

O Dicas de Vestibular é produzido e atualizado pelos professores do Anglo Vestibulares e do Sistema Anglo de Ensino.

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