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Uma breve história de um gênio pop - Stephen Hawking (1942-2018)

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09/04/2018 16h13

No início de março, fui convidado a escrever para este blog sobre Uma Breve História do Tempo, livro publicado em 1988 de autoria de Stephen Hawking, cosmólogo britânico que buscava uma "Teoria do Tudo", tentando compatibilizar a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica numa teoria unificada da Gravidade Quântica.

Aceitei o convite, e, poucos dias depois, na manhã de 14 de março, veio a triste notícia do falecimento do professor Hawking.

Por isso, antes de falar sobre o livro, quero falar sobre o cientista. Valho-me, para começar, das palavras de David Shukman na introdução do livro Buracos Negros, com transcrições de palestras de Stephen Hawking proferidas em 2016 para a BBC Reith Lectures, que resumem muito bem a vida do cientista: "Tudo sobre Hawking é fascinante: a provação de um gênio preso em um corpo enfermo; o leve sorriso iluminando o rosto em que apenas um músculo se mexe; a voz robótica inconfundível que nos convida a partilhar do júbilo da descoberta conforme a sua mente perambula pelos recantos mais estranhos do universo".

Hawking ingressou na graduação em Física na Universidade de Oxford em 1959 com apenas 17 anos. Três anos depois, estava graduado. Em 1966, já era doutor pela Trinity Hall em Cambridge. Ainda na pós-graduação, com 21 anos de idade, foi diagnosticado com ELA – esclerose lateral amiotrófica. Contrariando os médicos que lhe deram no máximo dois anos de vida, Hawking lutou bravamente contra a doença e viveu até os 76 anos.

Em 1985, contraiu pneumonia. Submetido a uma traqueostomia, nunca mais pôde falar. Desde então, passou a utilizar um sintetizador de voz que reproduzia frases com palavras escolhidas com o mouse na tela do computador. A doença progressiva exigiu inúmeros upgrades forçados no equipamento, sempre correndo contra o tempo para atender as necessidades especiais crescentes de Hawking. Recentemente, com praticamente todos os músculos motores parados, uma câmera detectava o movimento dos olhos do cientista para guiar o cursor na tela do computador. Muitos temiam que Hawking pudesse passar os seus últimos dias preso ao seu próprio corpo enfermo e sem ter como se comunicar. Teria sido muita ironia o gênio produtivo, escritor e palestrante notável ter de viver seus últimos dias encarcerado em si mesmo.  O próprio universo e suas leis, objeto de estudo de Hawking, abreviaram a sentença cruel através da morte serena e natural numa típica manhã de inverno no Condado de Cambridge.

 

Cientista ou ídolo pop? Os dois!

Na Inglaterra, em pesquisas sobre celebridades, sempre aparecem nomes de jogadores de futebol e de líderes de bandas de rock. Óbvio. Futebol e rock são duas conhecidas paixões naquele país. Mas Stephen Hawking sempre está na seleta lista de celebridades, algo no mínimo improvável no nosso mundo.

Tal popularidade despertou inveja e menosprezo de alguns cientistas mais clássicos quase sempre trancados no intocável ambiente universitário.  Apesar disso, Hawking sempre mereceu respeito acadêmico pelo seu trabalho de pesquisador sério e original a ponto de ser por três décadas professor lucasiano emérito na Universidade de Cambridge, posto ocupado anteriormente por cientistas de renome mundial, como Isaac Newton.

Ratificando o título improvável de ídolo pop, cito a seguir algumas (dentre muitas) aparições públicas notáveis do professor Hawking:

  • No episódio 26 da série Star Trek — The New Generation, história que se passa no futuro, Hawking aparece num encontro holográfico jogando cartas com Data, personagem androide da série na companhia virtual de Albert Einstein e Isaac Newton. [Vídeo: https://youtu.be/nEa7CfPaCRw]
  • Hawking também aparece como desenho animado no episódio 22 da 10ª temporada do The Simpsons. [Vídeo: https://youtu.be/OH8s4N15zdg]
  • Na última cena do episódio 21 da 5ª temporada da série americana The Big Bang Theory, o personagem Sheldon Cooper tem um "trágico" encontro com o professor Hawking.
    [Vídeo: https://youtu.be/MiuHDRb8TWY]
  • A música "Keep Talking" (do álbum The Division Bell, 1994) da Banda Pink Floyd foi inspirada em Stephen Hawking e contém trechos da fala do cientista com o conhecido timbre do sintetizador de voz.
    [Vídeo: https://youtu.be/0HLvMrjuPGY]

Fica aqui a minha singela homenagem ao professor Hawking.

 

30 anos de "Uma Breve História do Tempo"

 Certa vez, um renomado cientista (…) proferiu uma palestra sobre astronomia. Ele descreveu o modo como a Terra orbita o Sol e como o Sol, por sua vez, orbita o centro de uma vasta coleção de estrelas que chamamos de nossa galáxia. Ao fim da palestra, uma senhorinha no fundo da sala levantou-se e disse: "O que o senhor acabou de falar é bobagem. Na verdade, o mundo é um prato achatado apoiado no dorso de uma tartaruga gigante." O cientista abriu um sorriso de superioridade antes de perguntar: "No que a tartaruga está apoiada?" "O senhor é muito esperto, rapaz, muito esperto", respondeu a mulher. "Mas tem tartarugas até lá embaixo!".

A maioria das pessoas acharia um tanto ridícula a imagem do nosso universo como uma torre infinita de tartarugas, mas por que acreditamos saber mais do que isso? O que sabemos sobre o universo, e como sabemos? De onde ele veio e para onde está indo? O universo teve um começo? Se teve, o que aconteceu antes? Qual é a natureza do tempo? Um dia ele vai chegar ao fim? Podemos voltar no tempo?

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Assim começa o primeiro capítulo de Uma Breve História do Tempo, livro de autoria de Stephen Hawking lançado em 1988. Agora abordo o seu livro que, surpreendentemente, vendeu mais de 10 milhões de exemplares em todo o mundo. E ficou 237 semanas na lista dos mais vendidos do Sunday Times, o maior jornal dominical britânico.

O título da obra já é por si só instigante. E as perguntas feitas logo nas primeiras linhas nos abrem janelas através das quais nossos pensamentos e imaginação podem voar longe, aguçando ainda mais a eterna curiosidade humana sobre quem somos, de onde viemos e para onde caminhamos. Talvez seja este o ingrediente que fez do livro um best-seller além do seu próprio tempo e que ainda continua atual três décadas depois do seu lançamento.

Em 2015, saiu uma nova edição ampliada da obra. A imagem abaixo mostra como esta nova versão está organizada.

Hawking, logo no capítulo 1, nos leva a um didático passeio pelos modelos cosmológicos da história da ciência, dos mais primitivos até as mais recentes ideias desenvolvidas no século XX a partir do trabalho de Edwin Hubble que nos dá suporte teórico à concepção de um universo em plena expansão e que teve origem num evento singular chamado Big Bang.

O espaço-tempo, espaço de quatro dimensões — três espaciais e uma temporal — da Relatividade Geral de Einstein é tratado no capítulo 2.

No capítulo 3, o foco está no Universo em expansão, ancorado pela Relatividade Geral.

Já nos capítulos 4 e 5, o livro traz ideias da Física Quântica e da Física de Partículas.

Nos capítulos 6 e 7, Hawking aborda os Buracos Negros, objetos sobre os quais se dedicou bastante ao longo de sua carreira de cosmólogo e sobre os quais tem uma ideia original, conhecida na ciência, em sua homenagem, como Radiação Hawking.  Tal radiação de origem quântica, em tese, poderia ser emitida por um Buraco Negro que, portanto, não seria ao pé da letra tão "negro" quanto o próprio nome sugere.

A seta do tempo e a evolução do universo, uma investigação científica de para onde vamos de carona com o universo, podem ser encontradas nos capítulos 8 e 9.

A novidade da edição de 2015 é o capítulo 10, que aborda possíveis viagens no tempo por atalhos dimensionais bastante explorados em filmes de ficção científica.

No capítulo 11, Hawking aproveita o que escreveu anteriormente para falar sobre a complexidade do estudo do universo que levou os cientistas a elaborarem teorias parciais mais simples. E lança o desafio atual de unificarmos as teorias parciais numa teoria única.

O capítulo final, como sugere o próprio subtítulo, faz um apanhado geral, mais filosófico, sobre tudo o que foi dito no livro.

A obra contém ainda três breves textos sobre Einstein, Galileu e Newton, personagens fundamentais na história da ciência, em particular da Cosmologia. E tem ainda um interessante glossário com termos físicos.

Como físico e divulgador científico, sou suspeito, mas deixo como dica a leitura desta obra imperdível que, de forma didática, com textos divertidos e muito bem escritos, ameniza bastante a complexidade de conceitos físicos bem abstratos que ancoram todo o nosso conhecimento atual sobre o universo.

Para quem tem medo da matemática por trás da física, aviso que no livro há apenas uma equação, a famosa E = m.c² de Einstein. A conversão de massa em energia prevista pela "formulazinha" já foi tema de vestibular algumas vezes, como nesta questão da segunda fase da Fuvest 2018 (https://anglo.plurall.net/sites/default/files/imagens/exames/fuvest/2017/01/questao_15_2274826.jpg) cuja resolução comentada você encontra no Anglo Resolve (https://angloresolve.plurall.net).

Comece a ler Uma Breve História do Tempo já, baixando o PDF  do primeiro capítulo (https://www.intrinseca.com.br/upload/livros/1ocap_UmaBreveHistoriaDoTempo.pdf) disponibilizado gratuitamente pela editora. E trate logo de comprar um exemplar impresso. Com certeza, vale a pena ler uma obra que tem tudo para marcar a sua vida de forma definitiva!

Sobre os Autores

O Dicas de Vestibular é produzido e atualizado pelos professores do Anglo Vestibulares e do Sistema Anglo de Ensino.

Sobre o Blog

Neste espaço, o estudante encontra temas da atualidade, conteúdos que mais caem nas provas e dicas para se sair bem nos processos seletivos e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O conteúdo também é útil aos interessados em provas de concursos.

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