Entenda por que os conflitos na Síria estão longe de acabar
*Por Augusto da Silva
Em março de 2011 a Síria passou a ser palco de um grande conflito, não equacionado até os dias de hoje. Suas origens remontam ao contexto das manifestações que ficaram conhecidas como Primavera Árabe, quando em países localizados na porção setentrional do continente africano e em algumas nações do Oriente Médio a população ocupou ruas e praças exigindo mudanças políticas em direção de estruturas mais democráticas. Na Síria, parte da população inicia manifestações contrárias ao governo de Bashar Al Assad, resultando em repressões que gradativamente se transformaram num dos conflitos mais sangrentos do Oriente Médio, com um saldo de cerca de 400 mil mortos, quase 5 milhões de refugiados e mais de 6 milhões de deslocados internos, além da destruição de suas principais cidades.
Esse conflito conta com importantes países e potências que, em decorrência de suas ações difusas e conflitantes, dificultam a edificação de uma solução pacífica do conflito. A Rússia, liderada por Vladimir Putin, apoia o governo de Assad, encontrando no governo sírio importante consumidor de suas armas além de defender um importante aliado nas questões geopolíticas que envolvem o Oriente Médio. O governo norte-americano, durante a gestão de Barack Obama, apoiou insurgentes que exigem a queda de Assad. Os Estados Unidos não aprofundaram esse apoio, dentre outros motivos para não agudizar instabilidades com a Rússia como também não gerar possíveis críticas internas, já que parte da população estadunidense não vê com bons olhos outra ação militar depois dos excessivos gastos com a interferência no Iraque (2003-2013).
Outro participante ativo nesse conflito é o grupo Estado Islâmico que, aproveitando-se dessa instabilidade ocupou parte da Síria, visando constituir seu califado, ou seja, território controlado politicamente por um líder religioso (califa). Contra esse grupo observam-se ações perpetradas pelo governo sírio e dos insurgentes apoiados pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais. Um último ator importante dessa trágica história é a população de origem curda, minoria étnica que habita região que engloba parte da Turquia, Síria, Iraque, Irã e Armênia, desejando a formação e reconhecimento internacional de um novo país no Oriente Médio: o Curdistão. Sobretudo, eles lutam contra forças do Estado Islâmico que desejam ocupar parte do território habitado pela população curda.
Vale destacar que nos últimos meses vem despontando a possibilidade de Bashar Al Assad ampliar seu controle político e territorial, findando a fase mais sangrenta desse conflito, apesar de a paz ainda ser incerta. Desde 2015 a Rússia iniciou bombardeios na Síria em apoio a Assad, permitindo que esse governante retome territórios importantes e estratégicos, principalmente na costa do país. O mínimo que se espera é que prevaleça o diálogo, permitindo a conclusão de um conflito que penaliza profundamente uma população que nos últimos 6 anos viu sua expectativa de vida reduzir cerca de 20 anos, a produção de alimentar cair em 40% e a taxa de desemprego alcançar a marca de 57%.
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