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O “certo” e o “errado”: veja 10 dicas para afinar seu Português

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13/10/2015 11h09

*Por Eduardo Calbucci

maos_entre_papeisToda língua é um sistema de regularidades, sem o qual a comunicação não é possível. Mas, além der ser um sistema, ela também é um fato social. Em meio às múltiplas possibilidades de uso que esse sistema nos oferece, escolhemos as que nos parecem melhores em cada caso. Assim, a variante linguística por que optamos mostra como nos relacionamos com essa espécie de contrato social coletivo que é a língua, promovendo escolhas "certas", porque adequadas, ou "erradas", porque inadequadas à situação em que estamos.

A linha que separa o "certo" do "errado" é tênue. Não há acerto absoluto. Não há erro absoluto. O lugar, a época, o grau de escolaridade, a situação de comunicação, tudo isso influencia nossas escolhas.

Nas dez frases a seguir, adaptadas de um trabalho feito para o Museu da Língua Portuguesa em parceria com o professor Ataliba Teixeira de Castilho, queremos mostrar que o padrão culto da língua, aprendido na escola, convive com a língua popular, aprendida nas conversas cotidianas.

1 – Eu explodo de raiva.

Muitos gramáticos e dicionaristas consideravam "explodir" um verbo defectivo, que, como tal, não deveria ser usado na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Para eles, o melhor – no padrão culto da língua – seria dizer algo como "eu estou explodindo de raiva". Mostrando que a língua muda, a forma "explodo" passou a ser usada também em textos cultos. Vitória da linguagem popular.

2 – Deixa eu estudar!

Quando os verbos "deixar", "fazer", "ver" e "mandar" vêm seguidos de infinitivo, usam-se os pronomes oblíquos no padrão culto da língua: "Deixa-me estudar". No entanto esse tipo de construção com pronomes retos ("deixa eu estudar", "deixa ele estudar") está se tornando cada vez mais comum, fundamentalmente na língua oral.

3 – É proibido a entrada de pessoas estranhas.

O sujeito dessa oração é "a entrada de pessoas de estranhas". Como seu núcleo ("entrada") é feminino e veio acompanhado de artigo, o mais comum no padrão culto é que o adjetivo "proibido" concorde com "entrada": "é proibida a entrada de pessoas estranhas".

4 – Vamos se ver amanhã?

O pronome "se" é de terceira pessoa e deve ser usado, no padrão culto da língua, quando o sujeito da oração também está na terceira pessoa. Nesse caso, o sujeito do verbo "Vamos" é de primeira pessoa do plural (nós). Por isso, numa situação formal, é preferível dizer: "Vamos nos ver amanhã?".

5 – Ele tinha chego atrasado.

Existem alguns verbos, chamados de abundantes, que admitem duas formas de particípio passado: aceitar (aceitado e aceito), imprimir (imprimido e impresso) ou eleger (elegido e eleito). Por analogia, obtêm-se formas como chego, ainda não acolhidas pela norma culta.

6 – Fazem dois dias que não nos vemos.

Uma sentença pode ser formada sem sujeito. É o que acontece quando usamos o verbo fazer para indicar tempo transcorrido. Trata-se de um verbo unipessoal, que, na língua culta escrita, permanece na terceira pessoa do singular.

7 – Prefiro mais falar do que escrever.

O verbo preferir significa, literalmente, "deslocar alguma coisa para uma posição de importância", como consequência de a termos comparado a outra. Assim, a ideia de comparação já está embutida nesse verbo, e por isso não se tem aceito que o segundo termo da comparação venha antecedido por do que, nem que o verbo esteja acompanhado do intensificador mais. Assim, na língua culta, o melhor ainda é dizer: "prefiro falar a escrever".

8 – Ele tem mal gosto para tudo.

As palavras mal e mau têm basicamente o mesmo sentido, mas pertencem a classes diferentes. Mal é substantivo quando precedido de artigo, como em o mal dos alunos é ter de decorar regras de gramática, e é advérbio quando acompanha um verbo ou um adjetivo, como em falar mal ou pessoa mal amada. Mau é adjetivo quando vem antes de substantivos, com os quais concorda, o que explica a construção "ele tem mau gosto para tudo".

9A polícia interviu na briga.

Esse verbo se conjuga como vir, de que é derivado. Portanto: "a polícia interveio na briga".

10 – A questão não tem nada haver com você.

Deve-se dizer: "a questão não tem nada a ver com você". A expressão não ter nada a ver significa não ter nenhuma ligação. A confusão entre "a ver" e "haver" se dá porque a pronúncia dessas expressões é a mesma. Ter a ver significa ter ligação, e, para perceber que é o verbo ver, e não o haver, que deve ser utilizado nesses casos, basta trocar o "a" pelo "que": a questão não tem nada que ver com você.

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O Dicas de Vestibular é produzido e atualizado pelos professores do Anglo Vestibulares e do Sistema Anglo de Ensino.

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