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Figuras de linguagem no vestibular

Dicas de Vestibular

12/11/2020 13h46

Por Henrique Balbi, professor do Anglo Vestibulares

A interpretação de texto costuma ser vista como uma matéria esquiva, difícil de estudar. Tomada mais como habilidade do que conteúdo, ela não parece tão palpável quanto conceitos da matemática, das ciências da natureza, ou mesmo da gramática (se ficarmos dentro das frentes de Língua Portuguesa). Nesse sentido, as figuras de linguagem seriam uma exceção: oferecem-se em lista para os alunos, que muitas vezes correm para decorá-las, como se fossem a fórmula da progressão geométrica ou as propriedades de um ácido.

Mas decorar talvez não seja a melhor maneira de entender as figuras de linguagem. E nem se pode contorná-las, deixando-as para depois ou só pulando o assunto: de modo direto ou indireto, elas têm uma alta incidência nos vestibulares. Aparecem às vezes na prova de literatura, em versos ou trechos cruciais para o sentido geral do texto. Outras vezes, são cobradas a seco, com o enunciado pedindo para apontarmos qual figura aparece num texto ou em qual trecho identificamos sua ocorrência.

Pela sua variedade de nomes e funções, as figuras de linguagem podem assustar o aluno mais ansioso. Parecem tantas, com nomes tão diferentes (muitos derivados do grego), que seriam impenetráveis, indecifráveis. É preciso ter calma, antes de tudo – nem de longe elas são uma esfinge ou uma quimera.

Comecemos com o que todas têm em comum: aludem ao sentido figurado da linguagem, isto é, um sentido ampliado, além do literal (o famoso "pé da letra"). Se digo que o vestibular exige ler Machado de Assis, já estou usando uma figura de linguagem. Afinal, pensando "literalmente", não é o autor que vamos ler, e sim uma obra dele. Ampliamos, portanto, o sentido do nome, que agora se refere a algo mais do que à pessoa física, além dela. Usamos uma figura de linguagem — no caso, a metonímia, uma figura de contiguidade (ou proximidade, vizinhança), pela relação que existe entre o autor (a palavra que substitui) e a obra (a palavra que foi substituída).

A partir de um exemplo tão trivial, observamos também que as figuras de linguagem estão muito presentes na nossa vida. Ouça com atenção as frases do seu dia a dia, ditas ou escritas por amigos e familiares. Duvido que você não encontrará pelo menos uma figura de linguagem, às vezes invisível de tão repetida. O carro morreu, por exemplo. Não é literal, já que o carro nunca esteve vivo para depois morrer. É, na verdade, uma ampliação de sentido do verbo, por meio de uma semelhança: a frase estabelece uma similaridade entre um objeto inanimado e algo próprio aos seres animados ou aos humanos. É a famosa personificação ou prosopopeia.

Em vez de decorar, a melhor estratégia, então, é compreender que relações lógicas (semelhança, contiguidade, oposição, tensividade etc.) estão em jogo. O aluno pode ter na ponta da língua todos os nomes e definições de figuras de linguagem, mas isso o ajudará só até certo ponto. Aliás, nem é o principal. Para os exames mais concorridos e desafiadores, o foco é saber identificar o jogo de ideias e significados construído com as palavras. Em resumo: ler com atenção. Saber por que, por exemplo, a frase Figuras de linguagem são um delicioso problema poderia ser considerada uma antítese, isto é, uma junção de contrários. Como você explicaria?

Sobre os Autores

O Dicas de Vestibular é produzido e atualizado pelos professores do Anglo Vestibulares e do Sistema Anglo de Ensino.

Sobre o Blog

Neste espaço, o estudante encontra temas da atualidade, conteúdos que mais caem nas provas e dicas para se sair bem nos processos seletivos e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O conteúdo também é útil aos interessados em provas de concursos.

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