Quais são as principais contribuições das viagens espaciais no cotidiano?
Dicas de Vestibular
10/09/2021 14h23
Por Márcio Miranda, professor do Anglo Vestibulares
O travesseiro da NASA, comercializado atualmente por diferentes fabricantes, foi, de fato, desenvolvido pela agência espacial estadunidense?
O famoso travesseiro, amplamente comercializado no Brasil e no mundo, foi mesmo um projeto da agência espacial estadunidense. Ele é feito de uma espuma viscoelástica, que, basicamente, apresenta duas propriedades: elasticidade e viscosidade. A primeira, quando considerada ideal, refere-se à capacidade que um determinado corpo tem de retornar ao formato inicial depois que cessa a compressão sobre ele. Já a segunda– a viscosidade ideal – refere-se à sua contínua deformação quando o corpo é submetido a uma tensão de cisalhamento. O material viscoelástico combina essas duas propriedades: a espuma experimenta deformações contínuas quando submetida a uma compressão, porém, quando esta cessa, ela retorna gradualmente a sua conformação original.
O plano inicial da NASA era criar um material que fosse usado no revestimento de assentos e encostos a fim de aliviar o desconforto durante a decolagem de foguetes, quando os astronautas experimentam grandes acelerações. Essa espuma seria capaz de deformar continuamente à medida que o veículo espacial acelera e depois retornar ao formato inicial quando não estivesse mais submetida a grandes compressões. Entretanto, no final dos anos 60, quando o projetado foi apresentado, as amostras de espuma não se mostraram seguras, pois apresentavam comportamento quebradiço e expeliam gases desagradáveis, potencialmente perigosos em um ambiente fechado como o interior de uma espaçonave. Por isso, essa espuma nunca chegou a ser usada pela agência nos veículos espaciais.
Ao perder o interesse pelo projeto, a Nasa vendeu a tecnologia para uma empresa europeia produtora de espuma, que desenvolveu o produto na década de 80, visando ao uso pelos consumidores comuns. Na década seguinte, a espuma foi aplicada a colchões e travesseiros, obtendo relativo sucesso e despertando o interesse de fabricantes pelo mundo todo. No Brasil, atualmente, a espuma viscoelástica é utilizada na indústria em diferentes setores do ramo automobilístico, moveleiro e aviação, por exemplo. Mas, claro, não foi o desenvolvimento de super travesseiros a principal contribuição das pesquisas espaciais. Muitos outros dispositivos que usamos atualmente são oriundos delas. Quer conhecer alguns?
Filtro de água
Também nos anos 60, a agência espacial estadunidense desenvolveu uma tecnologia de filtragem de água – fundamental dentro de uma espaçonave, onde esse recurso é finito –, utilizando cartuchos de iodo que se assemelham aos sistemas usados atualmente no tratamento de água.
Câmeras de celulares e tablets
A demanda por microcâmeras compactas e de alta resolução também tem origem nas pesquisas realizadas para viagens espaciais. Essas câmeras deveriam integrar sondas e outros equipamentos de monitoramento e de registro de imagens, produzindo resultados nítidos em condições adversas de iluminação ou distância. Hoje em dia, celulares, tablets e computadores portáteis são dotadas de câmeras muito semelhantes.
Exames por imagens
O processamento digital de imagens, utilizados em exames de ressonância magnética, por exemplo, teve início a partir da necessidade de observar superfícies extraterrestres, como a da Lua, durante a corrida espacial dos anos 60. Esse é um benefício muito relevante para a Medicina.
Satélites e sistema de comunicação e monitoramento
Sem dúvida, a contribuição mais óbvia refere-se ao lançamento e ativação de satélites relacionados a telefonia celular, internet e GPS. Além disso, há satélites de monitoramento da superfície, que registram áreas devastadas, queimadas ou conservadas, e satélites que auxiliam na previsão do tempo, fundamental para a agricultura, por exemplo.
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