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Coronavírus: o que é e como pode cair nos vestibulares

Dicas de Vestibular

27/02/2020 11h06

*Por Gabriel Antonini, professor de Biologia do Anglo Vestibulares e do Colégio Anglo São Paulo

Em dezembro de 2019, foi registrado na China o primeiro caso de um paciente infectado pelo que viria ser descoberto como um novo tipo infecção viral humana, o coronavírus Covid-19. Desde então, até o momento em que este artigo está sendo escrito, há registro de cerca de 80 mil casos confirmados, em 40 países diferentes.

A rápida disseminação dessa doença fez com que se disparasse um alerta mundial para o risco de uma pandemia, e medidas estão sendo tomadas ao redor de todo o mundo na tentativa de conter sua disseminação. Mas o que se sabe até o momento sobre o coronavírus Covid-19?

Coronavírus é o nome dado a uma grande família viral que foi descoberta na década de 1960. As infecções causadas por esses vírus podem causar doenças respiratórias com variados quadros de gravidade de seus sintomas, desde leves a complicações mais graves.

A taxa de mortalidade dessa infecção não é muito elevada, quando comparada com outras epidemias que afetaram a população humana. Ao todo, cerca de 1300 destas pessoas vieram à óbito em decorrência de complicações respiratórias causadas pelo vírus (cerca de 2,5%).

Essa família de vírus também é conhecida por suas infecções não se limitarem ao ser humano. É comum que uma mesma linhagem de vírus também seja capaz de infectar uma série de outros animais – os morcegos são os mais recorrentes entre eles.

Estudos epidemiológicos iniciais ligaram as primeiras infecções a mercados na China, nos quais se comercializa uma grande diversidade de animais. Isso gerou uma hipótese preliminar de que esse vírus poderia ser inicialmente de algum outro tipo de animal, mas que, a partir de mutações, acabou se tornando capaz de infectar o organismo humano.

A importância mundial desse caso pode fazer com que esse tema seja recorrente nos vestibulares dos próximos anos. Então analisaremos quais as maneiras que as questões poderiam abordar este tema. O primeiro aspecto que pode ser tratado pelos vestibulares é a estrutura do cornonavírus e os aspectos celulares ou moleculares da infecção.

Como os casos são muito recentes, há poucos estudos específicos sobre a o Covid-19. No entanto, espera-se que haja similaridades com os outros representantes da família dos coronavírus.

Eles possuem um material genético na forma de RNA, que é envolto por um capsídeo viral e um envelope membranoso. No envelope são encontradas diferentes proteínas e glicoproteínas, que são importantes no processo de reconhecimento celular e subsequente infecção da célula que o vírus irá parasitar. Após a infecção, o RNA viral é liberado no interior da célula e é utilizado no processo de produção de proteínas virais e de novas fitas de RNA, formando novos vírus.

 

Estrutura dos coronavírus. (Fonte: adaptado de Peiris, J. S. M., Y. Guan, and K. Y. Yuen. "Severe acute respiratory syndrome." Nature medicine 10.12 (2004): S88-S97.)

 

Outra abordagem possível desse tema é a diferenciação entre os termos epidemiológicos que são usados para se referir ao estudo da disseminação de doenças, como "surto", "epidemia" e "pandemia". Surto é a denominação usada para quando há um aumento repentino de casos em uma região específica.

Uma epidemia é quando ocorrem surtos em diversas regiões, havendo um aumento do número de casos esperados para aquela doença naquele período. Já uma pandemia é quando se registra uma epidemia de uma mesma doença em diversas regiões do planeta. No caso do coronavírus Covid-19, mesmo que haja registros de casos em muitos países, mais de 95% deles se concentram na China.

É possível ainda trabalhar esse tema quanto ao aspecto do coronavírus que pode estar relacionado com a sua rápida disseminação nas populações humanas. No momento, acredita-se que o principal motivo para isso seja o fato de que este é um vírus novo, provavelmente originado a partir de uma mutação de uma linhagem que afetava outros tipos de animais. Isso faz com que não tenha havido anteriormente contato entre a espécie humana e o vírus.

Consequentemente, não há uma resistência natural contra essa doença, como ocorre com aquelas doenças contra que os humanos vêm evoluindo há milhares de anos. Nesses casos, já ocorreu um processo de seleção natural. Aqueles que eram mais vulneráveis a determinada doença morreram muito tempo atrás. Os que eram capazes de resistir a ela, por sua vez, passaram seus genes para as próximas gerações, resultando em populações mais resistentes.

A rápida disseminação do Covid-19 justifica a preocupação mundial para o risco de uma pandemia. A velocidade do aumento de infecções que se observa no Covid-19 está sendo superior ao de casos anteriores de doenças causadas por coronavírus, como foi o caso do SARS, em 2003. Por isso, mesmo que tenha uma mortalidade inferior ao SARS, o Covid-19 pode expor uma maior quantidade de pessoas à doença.

Logo, indivíduos que são consideradas como grupo de risco – crianças, idosos e indivíduos com outras doenças respiratórias – ficam mais suscetíveis ao contágio.  Desse modo, é importante que tanto a população quanto os governos continuem administrando medidas para conter o avanço dessa doença, antes que seu controle se torne ainda mais difícil.

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