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Qual é o cálculo que realmente interessa? Uma análise do ano de estudos.

Dicas de Vestibular

26/12/2017 11h28

Não conheço ninguém, que, nesta época de final de ano, deixe de fazer, ainda que mentalmente, um balanço de tudo o que realizou desde o último reveillon. A divisão da vida em períodos de tempo sempre teve como função mais evidente contabilizar lucratividade, desde as necessidades da agricultura relacionadas às estações do ano no período paleolítico, até o estabelecimento de turnos de trabalho nas fábricas inglesas da Revolução Industrial. É muito difícil que alguém escape incólume de um tipo de "prestação de contas" a respeito das conquistas e dos fracassos do ciclo cronológico que se encerra a cada 31 de dezembro. O problema não está em fazer ou não esse balanço. O que importa, na verdade, são os parâmetros de avaliação utilizados para analisar tudo aquilo pelo que passamos.

O dinheiro acumulado, o carro trocado, a aprovação no vestibular desejado e as promoções conquistadas costumam estar em primeiro lugar e possuir grande peso nesse cálculo. Mesmo que não tenhamos nos sentido realizados, nem experimentado sensações novas, somos considerados vitoriosos pelo aumento salarial concedido e pelo reconhecimento alcançado no meio que frequentamos. Vivemos em um tempo em que felicidade costuma ser confundida com utilidade.

Cansado da sensação constante de que o ano passou rápido e de que as realizações nem sempre eram exatamente o que esperava, resolvi, mais ou menos dez anos atrás, começar a esboçar um "caderninho de conquistas". Nele, estabeleci alguns aspectos que seriam significativos para mim, e só para mim, e que poderiam ser considerados como conquistas alcançadas naquele ano que se encerrava. Eu tinha desejado comprar um apartamento naquela época e incluí, sem pestanejar, a aquisição do imóvel como um grande acontecimento no período. Mas eu sabia que aquilo representava apenas um aspecto dentro do crescimento que tinha tido. Eu queria tentar definir o que eu realmente valorizava como passos significativos na minha trajetória individual. Então passei a considerar os livros que li, os filmes que descobri e as cidades e museus que visitei. Entendi aí que esses eram os aspectos que mais faziam diferença para o desenvolvimento do cara que eu queria ser.

O caderninho, que ainda uso hoje, acalmou muito a minha ansiedade e me ajudou a diferenciar a minha busca interior e subjetiva dos valores que, em geral, nos são impostos por uma sociedade extremamente preocupada em contabilizar apenas ganhos financeiros, resultados acadêmicos ou vantagens profissionais.

Sugiro que você faça algo parecido e que, nesses últimos dias de 2017, pare para pensar, em primeiro lugar, no que mudou internamente. Supondo que tenha sido um período de busca, de definição de objetivos, de batalha com você mesmo. Suponho ainda que talvez você não tenha alcançado exatamente o que esperavam de você e o que era considerada a grande luta do ano. Mas e o resto? Quem é que está calculando seus avanços subjetivos? Será que o seu crescimento interessa a alguém na sociedade prática e utilitária?

Procure olhar para o caminho percorrido desde dezembro de 2016. O que você aprendeu? Com quantas pessoas novas se relacionou? Que momentos de prazer você conseguiu experimentar? O quanto você descobriu sobre você mesmo? Seus medos, angústias e ansiedades são os mesmos do ano passado? O que de muito pequeno e quase imperceptível para o mundo objetivo se transformou nesse tempo transcorrido? Faça a própria lista e celebre cada passo que deu. Esqueça o sucesso do seu colega de classe, as expectativas da sua mãe ou a promoção do vizinho da frente. A única celebração realmente válida neste momento é a sua conquista pessoal. Afinal, você é a pessoa com quem mais conviverá para o resto da vida. Por mais que o mundo grite o contrário e sempre exija dividendos palpáveis, acredite que o único cálculo que de fato interessa é o da diminuição da distância entre você e você mesmo.

 

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