Sociologia – Dicas de Vestibular http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br Neste espaço, o vestibulando vai encontrar orientações, conteúdos que mais caem nas provas e dicas para se sair bem nos processos seletivos e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O conteúdo também pode ser útil aos interessados em provas de concursos. Fri, 31 Mar 2023 16:58:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Os sociólogos brasileiros mais conhecidos e suas teorias http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/03/os-sociologos-brasileiros-mais-conhecidos-e-suas-teorias/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/03/os-sociologos-brasileiros-mais-conhecidos-e-suas-teorias/#respond Thu, 03 Nov 2022 21:31:15 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2880 *Por Rene Araújo, professor do Anglo Vestibulares

O Brasil apresenta inúmeras contradições e complexidades, decorrentes da sua formação social, histórica, cultural, política e econômica. Vivemos em um país que necessita de análises, pesquisas, estudos e reflexões constantes, devido a sua formação social e toda a dinâmica e organização que o constitui. Diante desse cenário, muitos cientistas sociais dedicaram suas vidas à tentativa de compreender, decifrar e traduzir esse país. E conhecer alguns deles não só é importante, como também é necessário para que, a partir de suas obras, possamos buscar entender melhor a nós mesmo.

Um dos intelectuais mais conhecidos é o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, autor de uma vasta obra sobre a formação da sociedade brasileira. Seu livro mais famoso é o clássico Casa-Grande e Senzala, onde o autor condena as ideias puristas de raça, que atribuíam o atraso brasileiro à miscigenação. Freyre, ao contrário, vai destacar a miscigenação como sendo a nossa principal característica, responsável pela nossa riqueza cultural, valorizando a contribuição indígena e africana para a nossa formação cultural. Porém, esse livro exige uma leitura crítica, pois contribuiu para a falsa ideia de que haveria uma democracia racial no Brasil, ideia responsável por alimentar discursos de que não existiria racismo no Brasil.

Outro nome importante é o de Sérgio Buarque de Holanda, apesar de ter formação em história, os escritos do autor ajudaram no desenvolvimento de diversos estudos sociológicos sobre a sociedade brasileira. Sua obra mais conhecida é Raízes do Brasil, livro em que o autor trata da formação social brasileira e apresenta a ideia do “homem cordial” e de como a pessoalidade prevalece sobre a impessoalidade nas relações sociais, o que acabaria por dificultar a modernização democrática do Estado brasileiro e a manutenção de práticas patrimonialistas.

E pensar a sociologia no Brasil é pensar a obra de Florestan Fernandes, autor de inúmeros livros que buscaram refletir criticamente a realidade brasileira e o papel da sociologia diante desse cenário. Destaque para os estudos acerca da desigualdade social e racial no país, cuja obra do sociólogo teve contribuição central sobre esses assuntos e influência sobre vários outros autores. Discípulos de Florestan, podemos incluir aqui também os sociólogos Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso, cujas obras abordam o desenvolvimento econômico e social, a teoria da dependência, o preconceito racial no brasil, e política e relações internacionais.

Outra figura muito conhecida é o antropólogo e sociólogo Darcy Ribeiro, responsável por inúmeras etnografias dos povos indígenas do Brasil, Ribeiro também teve grande atuação no projeto do Parque Nacional do Xingu e na construção da UNB. Autor de uma vasta obra, vale destacar o livro O povo brasileiro, onde o autor apresenta a sua interpretação sobre a nossa formação e composição étnica e cultural.

Autor de grande relevância da sociologia brasileira nos dias atuais, Ricardo Antunes é um dos principais estudiosos do mundo do trabalho contemporâneo e sua organização no Brasil. Partindo da teoria marxista, o sociólogo tem apresentado as contradições e precarizações que caracterizam o mercado de trabalho da classe trabalhadora no país.

Por fim, nos últimos anos, as análises sociológicas de Jessé Souza têm ganhado muito espaço no debate acadêmico e público. Obras como A elite do atraso e Brasil dos humilhados, apresentam uma leitura crítica sobre as ideias que fundaram e legitimaram as interpretações hegemônicas sobre o Brasil, a serviço das elites e em detrimento da exploração da “ralé”, como diz o autor.

Enfim, em um país como o nosso, não faltam tentativas de explicar a nossa realidade e os problemas que a constituem, assim como a nossa diversidade étnica-cultural e todos os componentes que marcam nossa identidade nacional. Portanto, a sociologia brasileira se desenvolveu ao longo das últimas décadas através das obras desses e de tantos outros pensadores fundamentais para se compreender nossa sociedade.

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Como ampliar o repertório para as questões de sociologia? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/09/29/como-ampliar-o-repertorio-para-as-questoes-de-sociologia/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/09/29/como-ampliar-o-repertorio-para-as-questoes-de-sociologia/#respond Thu, 29 Sep 2022 16:06:01 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2853 *Por Rene Araújo, professor do Anglo Vestibulares

Muitas questões de sociologia abordam e analisam elementos presentes no nosso cotidiano, temas que fazem parte da nossa vida social, como, por exemplo, a desigualdade social, racial e de gênero, a diversidade cultural, direitos e cidadania, os movimentos sociais, os tipos de violências, aspectos do mundo do trabalho entre outros. Portanto, ter um bom repertório é fundamental na identificação e na compreensão dos mais diferentes assuntos que podem ser cobrados em provas.

Assim, acompanhar de forma crítica e analítica as grandes questões presentes no debate público pode ser de grande ajuda na prova de sociologia. Logo, se manter bem informado sobre os principais temas contemporâneos é central para um melhor desempenho nos exames. Para isso, acompanhar boas coberturas jornalísticas sobre problemas estruturais da sociedade, com abordagens profundas e plurais é de grande importância. Afinal, checar, contextualizar e relacionar as informações é um modo eficaz de ampliar conhecimentos.

Outra forma possível de aumentar o repertório para as questões de sociologia é através das obras literárias que são cobradas nos vestibulares, ou qualquer outro livro que esteja sendo lido pelo estudante, pois essas leituras apresentam em seus personagens e em suas histórias inúmeros valores morais, ideologias, problemas e dilemas que nos ajudam a pensar e entender a obra em si, mas também permitem reflexões e questionamentos, podendo ampliar o repertório sociológico do estudante mais observador.

Não é de hoje que o cinema tem sido uma importante fonte de questões sociológicas e, mais recentemente, as séries e os podcasts também passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, muitas vezes abordando temas complexos e controversos da sociedade. Assim, essas ferramentas podem contribuir nos estudos. É recomendado que o estudante busque identificar padrões, ou analisar como diferentes grupos são apresentados; se há representatividade racial, sexual, cultural e religiosa; se os problemas tratados na história dialogam com as questões da vida real e o contexto e a forma como os assuntos são abordados.

Enfim, todas essas observações – feitas através de um olhar mais atento e crítico – ajudam na construção do repertório para as questões de sociologia a partir de diferentes fontes e materiais que o estudante tem contato no seu dia a dia, em casa, no ônibus, na rua, na internet e em tantos outros espaços e meios que servem como estímulo para analisar a sociedade.

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A internet e os movimentos sociais: as ideias de Manuel Castells no Enem http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/12/03/a-internet-e-os-movimentos-sociais-as-ideias-de-manuel-castells-no-enem/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/12/03/a-internet-e-os-movimentos-sociais-as-ideias-de-manuel-castells-no-enem/#respond Fri, 03 Dec 2021 20:21:15 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2653 *Por Marcelo Ribeiro de Carvalho, professor do Anglo Vestibulares

Como os temas relacionados à Sociologia Contemporânea são os mais cobrados no Enem, um pensador que costuma aparecer com frequência e que merece destaque é o sociólogo espanhol Manuel Castells, ganhador, em 2012, do Prêmio Holberg, uma espécie de Nobel das ciências sociais. Da sua vasta obra — afinal, é autor de quase 50 livros —, duas temáticas se sobressaem: a internet e os movimentos sociais.

Com relação à internet e seus impactos na sociedade, Castells propôs o conceito de sociedade em rede para caracterizar a estrutura social emergente na era da informação, substituindo gradualmente a sociedade da era industrial. A sociedade em rede é global, mas com características específicas para cada país, de acordo com sua história, sua cultura e suas instituições. Trata-se de uma estrutura em rede que se torna a forma predominante de organização de qualquer atividade. Essa estrutura não surge por causa da tecnologia, mas devido a exigências do mercado em relação à flexibilização dos negócios e das práticas sociais, que só se tornaram possíveis graças às tecnologias da informática presentes nas redes de comunicação.

Por outro lado, o sociólogo denuncia que não há privacidade nas redes, pois as empresas utilizam os dados pessoais e os vendem, e os usuários que gostam de “inteirar-se” da vida dos outros (por meio das redes) o fazem. A novidade é que antes só os poderosos podiam espionar, agora qualquer cidadão com um celular pode gravar os poderosos. Para Castells, os dados pessoais foram transformados em mercadorias e as empresas do Vale do Silício prestam serviços que são pagos com dados pessoais. Em compensação, se as redes sociais não podem garantir a liberdade, elas tornam mais difícil a opressão, pois, se é possível identificar e punir o mensageiro, uma vez na rede, não é mais possível deter a mensagem.

Em relação à política, Castells afirma que “a comunicação em rede está revitalizando a democracia”. Ele identifica os traços característicos dos movimentos sociais da sociedade em rede, como movimentos que articulam a presença na internet com a presença espontânea nas ruas e praças, são movimentos descentralizados, que surgem espontaneamente da indignação contra a injustiça, sem organização partidária e sem liderança centralizada. Seus temas e origens são muito diversos, mas repetem as mesmas formas e em todos eles o espaço de autonomia que a rede representa é essencial.

Esses movimentos são um sintoma da crise da democracia representativa atual, dominada por partidos a serviço deles mesmos e não dos cidadãos, eleições controladas pelo dinheiro e pelos meios de comunicação, corrupção sistêmica de todos os partidos políticos e em quase todos os países. A comunicação em rede oferece enormes possibilidade de incrementar a participação cidadã ao invés de reduzir a democracia a um voto midiatizado a cada quatro anos. Com as redes, a sociedade se expressa através de formas autônomas de debate, organizando manifestações online e nas ruas, revitalizando a democracia.

Em Sociologia, é muito comum que as questões apresentem fragmentos da obra de importantes pensadores e exijam de vocês uma leitura atenta, uma interpretação criteriosa e a escolha de uma alternativa que seja pertinente ao raciocínio do autor apresentado. Fiquem atentos e bons estudos!

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A sociologia de Zygmunt Bauman nos vestibulares http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/10/25/a-sociologia-de-zygmunt-bauman-nos-vestibulares/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/10/25/a-sociologia-de-zygmunt-bauman-nos-vestibulares/#respond Mon, 25 Oct 2021 16:49:35 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2634 Bauman

*Por Rene Araújo, professor do Anglo Vestibulares

Frequentemente nos questionamos sobre como a vida passa diante de nós e ficamos cada vez mais sem tempo para aproveitá-la. A sensação de termos perdido o controle aumenta e seguimos no modo “deixa a vida me levar”, como se estivéssemos navegando permanentemente em águas incontroláveis. Mas como viemos parar aqui? Por que não conseguimos acompanhar mais todas as novidades que nos cercam? Será possível garantir alguma previsibilidade para que tenhamos algum controle sobre nossas vidas? É bem provável que esses questionamentos e angústias não tenham respostas, mas são necessárias reflexões para ao menos entender um pouco melhor o atual cenário, e, certamente, as obras de Zygmunt Bauman podem ajudar.

O pensamento sociológico de Bauman é extenso, rico e atual. O sociólogo consegue, com facilidade e versatilidade, promover inúmeras análises sobre esse mundo globalizado, repleto de contradições, promessas, inseguranças e incertezas. Diante disso, Bauman se caracterizou como um dos principais pensadores da contemporaneidade. Autor de dezenas de livros, ficou mundialmente conhecido ao classificar esse nosso período histórico-social-cultural como “modernidade líquida”. E por que líquida? Porque os líquidos não possuem uma forma definitiva; por serem fluídos, se alteram constantemente de acordo com o ambiente em que se encontram. A fluidez desse nosso tempo não permite que se criem raízes profundas e vínculos duradouros, porque isso não pertence à “consciência líquida” e ao comportamento oriundo dela. Nesse contexto, aponta o sociólogo, tudo se estabelece e ocorre de forma mais dinâmica e acelerada.

Bauman aponta que as rápidas e constantes mudanças desse capitalismo líquido impactam diretamente no mundo do trabalho. Tais transformações geram insegurança e instabilidade, devido à redução dos postos de trabalho e dos salários, além da perda de direitos e vínculos trabalhistas, precarizando as condições de vida e trabalho. Assim, as inúmeras incertezas que, segundo Bauman, caracterizam a modernidade líquida afetam todas as esferas da vida social, inviabilizando qualquer plano de longo prazo, já que não há estabilidade em tempos líquidos.

Outro elemento de destaque em sua reflexão sociológica é a centralidade do consumo na vida dos indivíduos e como isso passa a constituir a identidade dos sujeitos nessa modernidade líquida. Ele destaca o caráter mercadológico das relações sociais contemporâneas. Logo, as pessoas passam a se tratar como mercadorias, cuja “troca” pode ocorrer facilmente, caso o outro apresente “problemas”. Assim, as relações entre os indivíduos se tornam superficiais, pois são descartáveis, e isso, segundo Bauman, afeta diretamente a vida comunitária, cuja organização se dava por laços fortes e seguros. Portanto, na sociedade atual o individualismo acaba por se sobrepor ao coletivo, desconfigurando o sentimento de pertencimento na comunidade. O indivíduo se identifica como consumidor e reconhece apenas aqueles que também têm a condição de consumir, característica determinante para o sentido que ele daria a sua vida e identidade.

Como se nota, os escritos do autor permitem inúmeras reflexões sobre os mais variados temas da sociedade contemporânea. O estudante pode ficar atento a aspectos da globalização e do mundo do trabalho nessa perspectiva da modernidade líquida, assim como outras temáticas decorrentes desse nosso contexto, como o consumismo, o individualismo e a superficialidade das relações sociais cada vez mais virtuais e repletas de fluidez. Assim, o contato com as ideias de Bauman e a compreensão delas são riquíssimos aos vestibulandos, pois ampliam o repertório analítico sobre o nosso contexto, as mudanças nele e os seus diferentes impactos na vida social.

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A “Era Trump”: o polêmico novo presidente dos Estados Unidos http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2017/06/05/a-era-trump-o-polemico-novo-presidente-dos-estados-unidos/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2017/06/05/a-era-trump-o-polemico-novo-presidente-dos-estados-unidos/#respond Mon, 05 Jun 2017 16:08:32 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=1172

Em 29 de abril Donald Trump completou 100 dias à frente da Casa Branca.

Diante da grande expectativa em relação ao seu governo, gerada pelas polêmicas promessas de campanha, vamos seguir a tradição política e fazer uma breve retrospectiva daquele que ainda promete ser um dos mais controversos mandatos presidenciais da história dos Estados Unidos.

O azarão

O bilionário nova-iorquino Donald Trump, 70 anos, era considerado um “azarão” nas apostas internas do próprio Partido Republicano na corrida para as eleições presidenciais de 2016. Porém, ele surpreendeu ao vencer as primárias, derrotando candidatos poderosos dentro do partido como Jeb Bush (ex-governador da Flórida, irmão de George W. Bush e filho de George Bush, ambos ex-presidentes).

Três meses mais tarde causou novo frisson entre os analistas políticos ao derrotar a democrata Hillary Clinton, ex-primeira dama e primeira mulher candidata à presidência dos Estados Unidos.

Uma pesquisa divulgada pela Associated Press mostra que 63% dos homens brancos acima de 45 anos votaram em Trump, que também recebeu o voto de 42% das mulheres apesar de seus discursos machistas e das mais de 10 acusações de assédio sexual.

Promessas de campanha

Durante a campanha eleitoral, Trump não se esforçou em ser politicamente correto, pelo contrário, usou e abusou de frases – no mínimo controversas – para ganhar a atenção da mídia. E conseguiu. Em suas falas, ele insinuou racismo, homofobia, xenofobia e machismo. Alegou ser tradicionalista e defensor dos interesses nacionais.

Na política externa, ele prometeu erguer um muro na fronteira com o México (que seria pago pelos próprios mexicanos), suspender acordos comerciais como o NAFTA (Tratado de livre comércio da América do Norte criado nos anos 1990 com México e Canadá) e destruir o Estado Islâmico (grupo terrorista que atualmente luta para manter o controle de territórios entre o Iraque e a Síria). Chegou também a acusar a China como principal responsável pelos altos índices de desemprego entre os operários norte-americanos.

Para atrair um eleitorado mais conservador, disse que iria trazer de volta os empregos na indústria (principalmente na tradicional região industrial do Manufacturing Belt), aumentar o protecionismo no comércio exterior, cortar impostos e sancionar leis pró-armas.

Assim, conseguiu um apoio fiel dos conservadores além atrair os holofotes da imprensa do mundo tudo. No entanto, Trump deixou muita gente assustada com essas promessas radicais e um discurso antiglobalização.. Analistas apontam, inclusive, que um dos principais fatores do seu sucesso eleitoral foi exatamente a grande exposição midiática de sua imagem.

Pontos importantes

Vale ressaltar aqui dois pontos importantes de todo esse processo: Primeiro, o excêntrico Trump já tinha uma importante experiência diante das câmeras; pois, durante alguns anos, foi apresentador de um reality show na tv norte-americana chamado “O aprendiz”. Nesse programa ele demitia os candidatos ao vivo. Seu bordão “You’re fired” (Você está na rua!!!!) ficou famoso. Segundo, refere-se ao complicado sistema eleitoral dos Estados Unidos. Trump repetiu o feito do também republicano George Bush nas eleições de 2000. Venceu porque assegurou a maioria dos votos no Colégio Eleitoral, mesmo tendo perdido no voto popular. Foram dois milhões a menos de votos do que sua concorrente Hillary Clinton.

Discurso de posse e protestos

A expectativa pela posse do novo presidente foi marcada por protestos considerados inéditos na história política estadunidense. Organizações sociais formadas por mulheres, minorias raciais e religiosas, imigrantes e ecologistas foram às ruas de Washington (capital federal) e espalharam cartazes com dizeres do tipo: “Pare o governo Trump antes do início”, “Diga não ao Fascismo”. Ou ainda: “Defenda-se contra Trump”.

Apesar das numerosas manifestações contrárias, na 6ª feira, 20 de janeiro, o magnata sem experiência política (pois nunca havia ocupado nenhum cargo público) tomou posse como 45º presidente dos Estados Unidos.

Trump fez um discurso de posse agressivo, falou em protecionismo e, em nenhum momento, pronunciou a palavra democracia. Criticou os investimentos públicos desperdiçados fora do país, dizendo que faziam falta à economia interna, e ressaltou que pretende fazer da América (que é como os estadunidenses referem-se ao próprio país) novamente um lugar forte, rico, orgulhoso e seguro.

No entanto, foi comedido o suficiente para não soltar, em plena cerimônia de posse, um “America First” (América em primeiro lugar) frase nacionalista que marcou sua campanha eleitoral.

Os primeiros 100 dias

Existe uma tradição na política dos Estados Unidos, inaugurada na década de 1930 pelo então presidente Franklin Delano Roosevelt, de fazer um primeiro balanço do governo após 100 dias de mandato. Nesse primeiro teste a impressão sobre a “Era Trump” não é das melhores.

Seu índice de aprovação popular, cerca de 40% – de acordo com o Instituto Gallup, é o mais baixo para o período, desde a Segunda Guerra Mundial. Esse apoio, mesmo que pequeno, é atribuído a um eleitorado fiel que aposta nas mudanças prometidas em campanha.

Por falar em promessas de campanha, pelo menos até agora, Trump teve que recuar ou rever quase todas elas.

Obamacare

O programa de reforma na Saúde implementado por Barack Obama em 2014 garantiu que todos os norte-americanos tivessem acesso a um seguro de saúde. Como nos EUA não há um Serviço Nacional de Saúde Pública, a falta de cobertura afetava cerca de 15% da população que não era atendida nem pelos programas de saúde estatais para os mais pobres (Medicaid) e para os mais velhos (Medicare), nem pelos seguros de saúde das empresas privadas.

Alegando um aumento significativo nos gastos públicos com saúde, Trump contava com o apoio do Congresso formado por uma maioria republicana, para derrubar o chamado “Obamacare”, mas fracassou.

Refugiados

Para conter a entrada de refugiados, Trump também decretou uma ordem executiva suspendendo por 4 meses a entrada nos EUA de refugiados vindos de vários países de população predominantemente muçulmana, tanto do Oriente Médio quanto da África, tais como Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen. Por duas vezes, em menos de 2 meses, essa ordem executiva foi suspensa por juízes federais.

Muro na fronteira com o México

Com relação ao México, a construção do polêmico muro na fronteira nem começou, tão pouco o governo mexicano irá pagar por ela, conforme Trump anunciou durante sua campanha. Pelo contrário, o presidente dos EUA ainda não conseguiu a aprovação orçamentária para os cerca de 20 bilhões de dólares necessários para a obra.

Protecionismo

Já no que diz respeito à renegociação de acordos internacionais de comércio, o novo governo dos EUA resolveu abandonar o TPP, a sigla em inglês para o acordo voltado a eliminar a maioria das tarifas comerciais entre EUA, Canadá, México, Japão, Austrália e vários países da Ásia e da América do Sul como Peru e Chile.

Política externa

Na política externa, Trump alternou agressividade e diplomacia. Recebeu o presidente chinês Xi Jinping na Flórida e recuou no discurso de responsabilizar o principal parceiro comercial pelo desemprego nos EUA. Além disso pediu apoio político nas questões sobre a Coreia do Norte. Nesse sentido, o líder norte-americano chegou a afirmar que estaria pronto para agir contra o regime de Pyongyang, com ou sem a China, caso os testes nucleares norte-coreanos continuem a ameaçar a tranquilidade do Japão e da Coreia do Sul.

Trump promoveu várias ações no Oriente Médio, uma delas foi um inesperado ataque de mísseis contra a Síria. A justificativa era atingir uma base aérea de onde, dias antes, teriam saído aviões sírios para um ataque com armas químicas que mataram mais de 80 civis no interior do país do líder Bashar al Assad.

No Afeganistão, Trump mostrou outro sinal de força. Alegando combater rebeldes ligados ao Estado Islâmico, os EUA usaram uma bomba aérea chamada de “mãe de todas as bombas”, pois seria a bomba não-nuclear mais potente já usada até hoje pelos EUA. O ataque teria matado cerca de 100 rebeldes na província afegã de Nangarhar.

Rússia

As suspeitas relações com a Rússia provocaram a primeira baixa na equipe de governo de Trump. Michael Flynn, que ocupava o cargo de conselheiro de Segurança Nacional, renunciou antes de completar o primeiro mês de trabalho. Flynn foi acusado de ter mantido contatos extraoficiais com o embaixador russo nos Estados Unidos antes de Trump assumir a Presidência e também ter discutido possíveis sanções contra Moscou sem autorização da Casa Branca.

Impeachment

Aliás, as relações com o governo de Vladimir Putin continuaram provocando situações embaraçosas. A admiração de Trump pelo líder Russo já é conhecida, há suspeitas inclusive de que Putin teria doado dinheiro à campanha do candidato republicano. Porém, a aproximação entre os líderes teria atingido um limite grave. O jornal “The Washington Post” revelou em maio que Trump teria divulgado informações sigilosas de uma operação contra o Estado Islâmico durante encontro com funcionários da alta cúpula do governo russo. Essas informações colocariam em risco a própria segurança nacional dos EUA e seriam suficientes para abrir um processo de impeachment contra Donald Trump. Putin rapidamente se colocou à disposição para esclarecer a situação, mas as suspeitas permanecem, tornando a desconfiança dos estadunidenses sobre Trump e sua equipe maior ainda.

O Futuro

Com relação ao futuro, Trump continua a afirmar que não desistiu de cumprir suas promessas de campanha, porém já admitiu que comandar um país é muito mais complexo do que comandar uma empresa. As estruturas institucionais representam limites ao seu poder, e nem mesmo o seu próprio partido tem oferecido apoio irrestrito ao novo presidente. Resta saber se Trump vai desistir antes ou, com suas ações intempestivas, vai produzir novos fatos que provoquem sua saída antecipada do comando do país mais poderoso do mundo.

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“Minorias” nem sempre são os menores grupos. Entenda o conceito http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2016/09/15/minorias-nem-sempre-sao-os-menores-grupo-entenda-o-conceito/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2016/09/15/minorias-nem-sempre-sao-os-menores-grupo-entenda-o-conceito/#respond Thu, 15 Sep 2016 19:01:54 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=609 Professor Eduardo Calbucci, do Anglo, explica o conceito de minorias, sua relação com a desigualdade social e como isso pode ser abordados nos principais vestibulares e Enem.

 

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Sociologia no Enem: o que você precisa saber? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2016/07/20/sociologia-no-enem-o-que-voce-precisa-saber/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2016/07/20/sociologia-no-enem-o-que-voce-precisa-saber/#respond Wed, 20 Jul 2016 18:11:37 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=369 *Por Eduardo Calbucci

blog UOL 1

Desde a mudança do formato do Enem, em 2009, as questões de Sociologia e Filosofia vêm ganhando cada vez mais espaço na prova. Atualmente, um terço do exame de Ciências Humanas envolve essas duas disciplinas (os dois terços restantes englobam História e Geografia). Essa tendência de valorização da Sociologia e da Filosofia parece-nos um caminho sem volta, pois, além do Enem, muitos outros vestibulares estão indo nessa mesma direção. Por isso, para ingressar numa boa instituição de ensino superior, é necessário ser capaz de fazer reflexões sociológicas e filosóficas.

Em relação à Sociologia, existem três conselhos básicos para o estudante que está interessado no Enem.

O primeiro é saber que muitas questões envolvem a competência de leitura de textos básicos do pensamento sociológico, no Brasil e no mundo. Assim, é fundamental demonstrar familiaridade com esse tipo de discurso, tanto em relação aos pensadores clássicos, como Marx, Weber e Durkheim, quanto a intelectuais mais modernos. Às vezes, a questão não pressupõe conhecimento prévio da obra desses sociólogos, mas, sem experiência de leitura desse tipo de texto, é muito difícil acertar a questão. Portanto, ler textos sociológicos consagrados é uma ótima forma de se preparar para a prova.

O segundo conselho é mais específico. Atualmente, das áreas que integram o que chamamos de Ciências Sociais, a que mais tem sido lembrada pelo Enem é a Antropologia. Daí que o conceito de cultura tenha uma grande relevância no exame. Discussões envolvendo diversidade cultural, apropriação cultural, choque cultural, aculturação e etnocentrismo são extremamente comuns. Por isso, o aluno deve ir para a prova dominando essas noções teóricas e sabendo aplicá-las à realidade brasileira e mundial.

O terceiro conselho vale para todas as disciplinas praticamente. Olhar as provas anteriores e estudar por elas costuma render bons frutos, pois os exames têm a tendência a seguir um padrão em relação aos assuntos mais cobrados, ao tipo de questionamento e ao grau de dificuldade das questões. Então, mergulhe nas provas de 2009 até 2015, que você não há de se surpreender com o exame de 2016.

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