redação – Dicas de Vestibular http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br Neste espaço, o vestibulando vai encontrar orientações, conteúdos que mais caem nas provas e dicas para se sair bem nos processos seletivos e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O conteúdo também pode ser útil aos interessados em provas de concursos. Fri, 31 Mar 2023 16:58:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como fazer uma boa introdução na redação? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/10/14/como-fazer-uma-boa-introducao-na-redacao/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/10/14/como-fazer-uma-boa-introducao-na-redacao/#respond Fri, 14 Oct 2022 21:42:21 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2865 *Por Daniela Toffoli, professora do Anglo Vestibulares

O primeiro parágrafo (de todo e qualquer texto) é a “porta de entrada” para uma história, discussão, exposição de fatos ou, no nosso caso, para uma análise sobre algum importante tema contemporâneo. Em poucas palavras: para nós, é o início da dissertação. E é justamente por isso que é imprescindível já começar pensando na função que essa introdução deve exercer, ou seja, trata-se de uma espécie de “ponte” entre aquilo que foi proposto para discussão e a visão que será defendida pelo debatedor; espera-se, portanto, que posicionamento e tema estejam claros e acessíveis ao leitor. Nesse sentido, é preciso que o primeiro parágrafo seja funcional, mas não deixe de ser atrativo para que seu interlocutor siga adiante com a leitura.

Acredito que, até aqui, já tenha ficado clara a relevância que a produção de uma boa introdução possui, e para garantir que ela tenha qualidade, em primeiro lugar, é essencial a internalização de sua estrutura básica: contextualização, apresentação do tema e apresentação da tese. Com calma, vamos analisar cada uma dessas partes:

  1. Contextualização: é o momento em que, em geral, apresenta-se o assunto, mas ainda não o tema. Isto é, expõe-se algum tipo de informação que se relacione com a questão proposta para debate a fim de que, mais à frente, o tema seja, de fato, anunciado de maneira mais explícita. É um bom momento para fazer uso de algum repertório sociocultural, como filmes, séries, exemplos atuais, fatos históricos, definições de termos, citações etc.;
  2. Apresentação do tema: deve ser feita de maneira simples e direta, ou seja, com o uso das palavras-chave (os termos mais importantes da frase-temática). Se o tema aparecer em forma de questionamento, responda-o – afinal, “quem pergunta, quer resposta”, certo?;
  3. Apresentação da tese: aqui, é necessário que você se posicione da maneira mais explícita possível, já deixe evidente qual é a visão a ser defendida e quais são os argumentos a serem utilizados para sustentar esse seu posicionamento.

Vale ressaltar, ainda, que é bastante valorizado o texto que, além de já começar explicitando as ideias de modo bem estruturado e organizado, também faz uso de uma linguagem clara e objetiva (sem desobedecer à norma-padrão da língua portuguesa, obviamente). Por isso, preste atenção ao encadeamento de suas ideias – se elas já soarem confusas desde o início, dificilmente o leitor seguirá adiante –, garantindo a fluidez nas explicações iniciais, evite termos que você não conhece ou que não tem certeza sobre o significado e, por último, já comece a atribuir criticidade e autoria diante dos fatos que estão sendo apresentados.

Pronto, sua introdução está completa!

De maneira geral e sintética, portanto, preze pela organização e clareza de ideias e informações. Com certeza, você terá uma introdução adequada ao gênero, atrativa e eficiente para expor o assunto a ser discutido.

Por fim, não deixe de sempre fazer uma leitura atenta para garantir que não deixou passar qualquer tipo de equívoco.

Boas provas e arrase na sua introdução!

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Como fazer uma boa conclusão na redação? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/08/10/como-fazer-uma-boa-conclusao-na-redacao/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/08/10/como-fazer-uma-boa-conclusao-na-redacao/#respond Wed, 10 Aug 2022 16:08:48 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2823 *Por Bruna Moscardo, professora do Anglo Vestibulares

Seja por falta de informação, seja porque o projeto de texto é feito às pressas, a conclusão costuma ser uma parte da redação bastante negligenciada. Infelizmente, contudo, uma conclusão que não é bem-feita deixa evidente as lacunas da argumentação. Isso porque o parágrafo final cumpre uma função que, apesar de não ser a mais difícil, não é menos desafiadora: arrematar a costura do raciocínio argumentativo. Vamos entender algumas formas de fazer esse encerramento.

No modelo da conclusão por síntese, o objetivo é simples: recuperar o posicionamento e os argumentos-centrais de forma a gravar no leitor a memória do seu percurso argumentativo. De fato, como a função da conclusão é resumir, ela, em alguma medida, vai repetir as informações já desenvolvidas, porque não lhe cabe adicionar novos argumentos. Por isso, não é conveniente trazer novas citações, ainda que sejam simples frases de efeito, já que não há mais espaço para desdobrá-las e elas seriam conteúdos apenas decorativos. A forma como você vai recuperar as ideias centrais deve imprimir um último efeito de convencimento, o que se consegue por meio de paráfrases e pela retomada não apenas dos argumentos e da tese, mas também dos exemplos ou daquele repertório que você usou na contextualização. A síntese, portanto, não é simples repetição de tese e argumentos. Ela deve contemplar o percurso do raciocínio, recompondo os exemplos, as analogias e a ordem em que as ideias foram apresentadas.

Por outro lado, existe a conclusão por dedução. Ela prevê o desdobramento, as consequências lógicas do que foi previamente construído. Por flertar com a possibilidade de trazer informações novas, ela pode mais facilmente induzir à quebra do princípio de coerência (ou seja, argumentar no lugar de concluir) e inserir reflexões artificiais e forçadas que não são produto orgânico da argumentação. Não por acaso, ela exige mais técnica e preparação. Vamos a um exemplo! Supondo que se trata do tema da Fuvest 2021 “O mundo contemporâneo está fora de ordem?”, o candidato poderia apresentar a tese de que o mundo está, sim, fora de ordem e desenvolver uma argumentação que explicita como a organização econômica e política desrespeita a dignidade humana. Nesse sentido, poderia deduzir na conclusão que, contraditoriamente, existe uma ordenação da sociedade contemporânea, mas que suas condições não devem ser aceitáveis e, por isso, é possível afirmar que o mundo está fora de ordem. Percebe como a conclusão chega a essa inferência sem elaborar uma tese completamente nova?

Por fim, no caso da conclusão por intervenção, a orientação é: retomar brevemente a sua tese e apresentar a proposta de intervenção. No caso do Enem, esta deve informar agente, ação, modo e finalidade. O quinto elemento obrigatório é o detalhamento, o qual pode ser apresentado a partir de exemplos ou de uma simples explicação da função do agente escolhido. São formas de você legitimar a escolha desses elementos e, portanto, dar-lhes profundidade. Veja que a intervenção é uma mescla de síntese e dedução. Dessa forma, ela precisa estar articulada aos seus argumentos e inferir o desenlace do seu diagnóstico.

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Podcasts: repertório em qualquer momento http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/06/10/podcasts-repertorio-em-qualquer-momento/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/06/10/podcasts-repertorio-em-qualquer-momento/#respond Fri, 10 Jun 2022 18:06:03 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2772 *Por Felipe Leal, professor do Anglo Vestibulares

A rotina de quem estuda para prestar os vestibulares e o Enem é sabidamente exigente. Aulas, tarefas e leituras teóricas mal parecem caber no dia a dia. Para completar, todos sabem que é preciso buscar informações das mais diversas fontes, sobretudo em busca de repertório cultural para as redações. Em meio a essa correria, os podcasts são uma ótima opção, pois podem ser escutados a qualquer momento: no transporte público, na academia ou em casa durante tarefas domésticas, por exemplo. Com um diferencial: muitas vezes, são prazerosos e divertidos. Entre os muitos programas hoje disponíveis, destacamos neste texto alguns dos podcasts que mais podem ajudar os candidatos e candidatas em sua preparação.

Em uma época de ritmo frenético das notícias, é praticamente impossível acompanhar todos os assuntos em pauta. Os podcasts noticiosos, normalmente diários ou semanais e ligados a grandes veículos de jornalismo, são uma forma interessante de selecionar os temas mais importantes, com a necessária análise das questões. Os podcasts Café da Manhã e O Assunto são boas indicações aqui. O primeiro tem o comando da jornalista Renata Lo Prete, da TV Globo e da Globonews, e o segundo, de jornalistas da Folha de S. Paulo. Eles vão ao ar de segunda a sexta-feira e selecionam um tema importante para cada dia, o qual é contextualizado e comentado por convidados, muitas vezes especialistas nas áreas. Para uma abordagem mais panorâmica e opinativa, em especial da política brasileira, há ainda o semanal Foro de Teresina, produzido e apresentado por jornalistas da Revista Piauí e lançado às sextas-feiras.

A Guerra da Ucrânia e a pandemia de Covid-19 têm evidenciado a importância de acompanharmos as notícias internacionais. Para esse tema, destacamos duas opções. Caso você prefira panoramas mais breves e com maior frequência, uma boa opção é o Petit Journal, dos professores Daniel Souza e Tanguy Baghdadi. Caso a opção seja por uma revista semanal com mais espaço para aprofundamento de temas e para uma cobertura de países e regiões muitas vezes negligenciados na cobertura comum, a recomendação é o Xadrez Verbal, do historiador Filipe Figueiredo, com apresentação do também historiador Matias Pinto. O programa vai ao ar às sextas-feiras. Ambas as opções, vale dizer, não abrem mão do bom humor.

Também há boas indicações para temas mais independentes do noticiário e também bastante úteis como repertório para redação. O História FM, do historiador Icles Rodrigues, trata de temas de história geral e do Brasil, contando com a colaboração de especialistas e com a preocupação de produzir um conteúdo acessível para todos. Já o Filosofia Pop, do site do mesmo nome, relaciona temas filosóficos a questões culturais do nosso tempo, o que é um ótimo auxílio para expandir as possibilidades de abordagens de temas nas redações.

A chamada “podosfera” brasileira é rica, diversa e das mais interessantes. A lista apresentada aqui deve ser lida como uma amostra e um convite. Com o tempo, cada estudante vai, com certeza, construir seus próprios feeds, que, certamente, irão acompanhá-lo ao longo da vida universitária e profissional.

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Para que serve a filosofia? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/08/16/para-que-serve-a-filosofia/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/08/16/para-que-serve-a-filosofia/#respond Mon, 16 Aug 2021 16:07:16 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2606 Por Felipe Leal, professor do Anglo Vestibulares

A ideia de retirar a obrigatoriedade da filosofia no ensino médio, que chegou a estar presente nas discussões sobre a última reforma do ensino médio, foi derrotada após significativa resistência da sociedade. Ainda bem. Afinal, a filosofia pode auxiliar de maneira decisiva em uma educação voltada para lidar com desafios dos nossos tempos, estando longe de representar um luxo que atrapalha o necessário ou uma doutrinação que impede o pensamento.

 

Alguns defendem que de nada adianta ensinar Platão e Descartes a estudantes que sequer dominam a compreensão de texto e operações matemáticas básicas. Argumento falacioso, pois pressupõe uma separação rígida entre competências e habilidades que, de fato, estão integradas. Senão vejamos. O Enem requisita a elaboração de uma dissertação argumentativa, com exigência de recurso a repertório cultural próprio. Ora, é na tradição filosófica que se encontrarão as dissertações mais exemplares da história, bem como os conceitos que permitem informar melhor muitas discussões. E que dizer da matemática, que, do teorema de Pitágoras ao plano cartesiano, poucas vezes esteve separada da filosofia? O ensino da lógica, por exemplo, pode ser tanto um pressuposto como um auxílio na compreensão e resolução de problemas matemáticos.

 

E essa correlação com outras matérias não é a única contribuição da filosofia. Ela também é fundamental para a formação do pensamento político autônomo – uma urgência de nossos tempos. Muito se fala, hoje, de novas formas de manipulação política, sobretudo por meio das novas tecnologias digitais. O entendimento básico sobre tendências políticas como o socialismo e o liberalismo contribui para que internautas não sejam capturados por discursos fáceis, que se valem da ignorância e de vieses cognitivos para apresentar generalizações toscas como visões filosóficas sérias. Ensinar filosofia não é doutrinar, e sim formar as bases que evitam a doutrinação, favorecendo a formação de indivíduos que saibam se posicionar e debater, dialogando com a tradição e, quem sabe, fazendo-a um dia avançar.

 

Algo análogo se dá quanto à ciência. A desinformação pressupõe ausência de critérios, de um senso crítico capaz de separar o que é científico do que não é. De Bacon e Galileu a Popper e Kuhn, os fundamentos da filosofia da ciência são vacinas contra a infodemia dos nossos tempos. Mais do que isso, é a filosofia que permite pensar para além do método, distinguindo um uso instrumental da razão (preocupado com os meios de dominação da natureza e do ser humano) de um uso crítico (preocupado com a emancipação humana), como se vê nas importantes discussões sobre bioética. Sem filosofia, as ciências podem ser moralmente cegas e, por isso, até perigosas.

 

Sendo assim, não devemos dizer que ainda é importante ensinar filosofia nas escolas, e sim que sobretudo hoje é fundamental fazê-lo, como talvez em poucos momentos da história recente. E as supostas preocupações com o “ensino do básico” e a “doutrinação” deveriam ter a coragem de explicitar o que maquiam tão bem em seus discursos: a preocupação quanto a um ensino crítico e plural, capaz de formar uma juventude que pensa por si mesma.

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Argumentação no vestibular: o que não fazer na hora da redação http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/06/11/argumentacao-no-vestibular-o-que-nao-fazer-na-hora-da-redacao/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/06/11/argumentacao-no-vestibular-o-que-nao-fazer-na-hora-da-redacao/#respond Fri, 11 Jun 2021 16:11:20 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2557 Por Daniela Toffoli, professora do Anglo Vestibulares

A redação, no vestibular, é uma das tarefas que causa maior receio nos estudantes, já que se trata, em geral, de um gênero textual não tão simples de ser elaborado: a dissertação-argumentativa. Por isso, é importante que o aluno tenha domínio sobre a estrutura desse gênero e conheça as técnicas para a sua construção. Mais do que isso, é imprescindível que seja capaz de elaborar parágrafos de argumentação – o “coração” da dissertação-argumentativa – consistentes e convincentes. Portanto, para ajudar você nessa missão, aqui vão algumas dicas sobre o que não fazer no momento de construir a sua argumentação:

  • Parágrafos expositivos: lembre-se de que você está escrevendo uma dissertação-argumentativa, ou seja, é preciso que estruture o texto a partir de fatos, dados e referências de modo a defender seu ponto de vista. Isso significa que, junto à exposição de informações, é necessário trazer um caráter analítico à redação: analise tudo o que está sendo apresentado para que seu posicionamento fique muito claro, ok?
  • Informações que não dialogam com o tema: quem nunca ouviu que, a fim de produzir uma redação mais erudita, é necessário fazer uso de grandes filósofos e sociólogos, certo? A verdade é que: não, não está certo. De nada adianta fazer uso dessa suposta erudição se ela não estiver bem articulada aos argumentos do texto. O importante, mesmo, é que o candidato use, a seu favor, o repertório sociocultural que possuir, e isso significa que o bom texto é aquele que traz a referência certa, no momento certo e bem articulada às reflexões que estão sendo construídas, ou seja, realmente ajuda na sustentação daquilo que está sendo defendido.
  • Ignorar a coletânea: aqui, é preciso que fique claro que os textos motivadores também fazem parte da sua proposta de redação e que são importantíssimos para o completo entendimento da frase (ou pergunta) temática, para a construção da discussão e, também, para a elaboração dos argumentos. Isso porque, além de ajudarem a dar um start no seu raciocínio, dão o direcionamento daquilo que deve ser “destrinchado” dentro do espectro do tema. Por isso, leia a coletânea, sempre, com muita atenção.
  • Uso de argumentos subjetivos: um dos elementos para se produzir um bom texto é ter o conhecimento da interlocução – aquele para quem se direciona a sua escrita. No nosso caso, trata-se de um leitor universal, o qual precisa ser capaz de entender todo o texto e ser convencido sobre a ideia que está sendo defendida, e a persuasão só existe a partir do momento que conseguimos descobrir o que é adequado a cada caso. Logo, na dissertação de vestibular, sua missão é construir uma redação a partir de uma argumentação baseada na lógica. Por isso, nada de sustentar seu posicionamento a partir de subjetividades – preceitos religiosos, por exemplo, os quais por mais que devam ser respeitados, não são uma boa referência para persuadir. Por isso, para uma boa dissertação, procure por fatos (históricos ou atuais), dados estatísticos, argumentos de autoridade, literaturas etc.

É claro que, junto a tudo isso – como sempre digo aos alunos –, dedicação e planejamento são o que realmente fazem a diferença no vestibular. E, seguindo todas as dicas que acabei de dar, garanto que seu ponto de vista ficará bem mais interessante e consistente! Bons estudos!

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A importância do hábito da leitura para melhorar a escrita http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/01/27/a-importancia-do-habito-da-leitura-para-melhorar-a-escrita/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/01/27/a-importancia-do-habito-da-leitura-para-melhorar-a-escrita/#respond Wed, 27 Jan 2021 13:00:16 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2413 Por Nara Cabral, professora do Anglo Vestibulares

Nos vestibulares, a prova de redação envolve conjuntamente múltiplas competências. Do domínio da norma culta da língua portuguesa ao repertório mobilizado pelo candidato, passando pelo conhecimento dos mecanismos de coesão necessários à “costura” das ideias no texto: é possível melhorar o desempenho nos diferentes quesitos avaliados pelas bancas com a incorporação da leitura à nossa rotina.

Esse hábito é fundamental ao aumento na frequência e profundidade do contato com uma esfera específica de produção de textos em nossa sociedade: a cultura escrita. Ela corresponde à principal forma de organização do conhecimento justamente no universo em que o vestibulando pretende ingressar (a universidade). Por isso, nada melhor do que aprender com quem escreve bem!

Para tanto, vale investir em um cardápio diversificado de leituras, que inclua textos de ficção e não ficção, conteúdos jornalísticos e obras literárias etc. Em tempos de desinformação generalizada, é imprescindível priorizar textos escritos por autores com algum grau de reconhecimento, como jornalistas, acadêmicos e literatos.

Uma rotina de leituras qualificadas pode trazer benefícios como:

1) Ampliação de vocabulário. Uma dica é ler com o dicionário ao lado e consultar todas as palavras “novas” ou cujo significado seja desconhecido.

2) Melhora no domínio da ortografia, já que aumentamos nossa exposição à norma culta da língua portuguesa.

3) Contato com construções sintáticas mais complexas que aquelas da linguagem falada no cotidiano. Para isso, é fundamental exercitar uma leitura atenta não apenas ao conteúdo dos textos, mas também à forma como as ideias são passadas.

4) Aprimoramento das habilidades de apreensão e compreensão dos sentidos de um texto, movimentos necessários a uma boa leitura das coletâneas presentes nas propostas de redação.

5) Aumento do conhecimento de mundo, sendo importante privilegiar o contato com o que as bancas dos vestibulares consideram como “repertório legitimado”: matérias jornalísticas; obras literárias; textos que favoreçam o contato com conhecimentos das diversas áreas do saber, tais como livros de não ficção produzidos por especialistas em seus campos de conhecimento, artigos acadêmicos e conteúdos voltados à divulgação científica. Neste último caso, há boas opções entre sites e revistas especializados em áreas como História, Filosofia, Ciências da Natureza etc.

Para que a leitura seja de fato incorporada ao cotidiano, uma dica é reservar um horário fixo – na semana e, se possível, por dia – exclusivamente para essa atividade. Isso porque a frequência do hábito é mais importante do que a quantidade de horas que passamos debruçados sobre os livros. Ou seja: é melhor ler durante trinta minutos, por exemplo, mas todos os dias, do que tirar um dia inteiro para ler apenas uma vez por mês.

Que tal aproveitar o recesso de final de ano para começar a exercitar esse hábito?

Boas festas, bons estudos e boa redação!

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A redação no vestibular: quando o gênero solicitado não é uma dissertação http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/12/17/a-redacao-no-vestibular-quando-o-genero-solicitado-nao-e-uma-dissertacao/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/12/17/a-redacao-no-vestibular-quando-o-genero-solicitado-nao-e-uma-dissertacao/#respond Thu, 17 Dec 2020 16:43:17 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2401 Por Flávia Consolato, corretora-chefe da equipe de Redação do Anglo Vestibulares

A maioria dos vestibulares do país cobra uma dissertação-argumentativa na prova de redação. É assim, por exemplo, na Fuvest, na Unesp e no Enem, e isso você já deve saber. Outras instituições, porém, como Unicamp, UFRN, UnB e UEM, optam por gêneros textuais diversos no processo de seleção, o que pode ser uma preocupação a mais para os estudantes. Embora, sem dúvida, isso exija que o vestibulando saia da zona de conforto, não é motivo para apreensão, uma vez que os diferentes gêneros estão bem próximos do seu cotidiano. A maioria das pessoas está acostumada a ler notícias, editoriais, postagens nas redes sociais, anúncios publicitários e uma grande variedade de textos em diversos formatos em muitas plataformas. Atualmente, como você provavelmente reparou, petições, abaixo-assinados e notas de repúdio também têm circulado bastante nas redes e aplicativos de mensagem. Em cada um deles, podemos perceber características específicas, um modo de dizer peculiar que visa atingir determinado propósito em dado contexto.

Para entrarmos de vez nesta conversa sobre gêneros, quero apresentar algumas palavras do linguista e professor de Harvard Steven Pinker: “Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos que nos imaginar em algum tipo de conversa ou correspondência, ou discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno avatar que nos representa nesse mundo simulado”.

Ao definir o ato da escrita, Pinker traduz muito bem o que deve ocorrer numa prova de redação que exige gêneros de dentro e, principalmente, de fora do ambiente escolar. O vestibulando precisa saber simular uma situação de comunicação, brincar — a sério — de faz de conta. Não à toa, a maioria das propostas se inicia assim: “Imagine-se como…”, “Simule que você…”, ou ainda “Você é…” para indicar que tipo de personagem ou que máscara discursiva é  preciso vestir.  Independentemente do gênero solicitado, é essencial seguir os comandos da prova e entrar no “jogo” que está sendo proposto. Cada gênero e cada situação vão exigir diferentes recursos: linguagem formal ou levemente informal, adequada à situação e ao(s) interlocutor(es); uma interlocução –  marcada (explícita) ou não, porém sempre presente –, entre outros.  Assim, é no contato com diversos tipos de publicação que você vai perceber as particularidades de cada gênero — quem diz, o que e como diz, para quem diz —, por isso recomendo variar suas leituras.

A base de sua redação — aquilo que não pode faltar — vai ser explicitada no enunciado da prova. É fundamental, portanto, ler muito atentamente as orientações fornecidas a fim de cumprir as tarefas solicitadas. E não se preocupe porque, do mesmo modo que nas provas que exigem uma dissertação, os exames que solicitam outros gêneros fornecem um ou mais textos de apoio para subsidiar a sua produção. Lembre-se de não copiar nem o enunciado nem trechos desses textos. Você deve se apropriar dessas informações, o que significa explorá-las tendo em mente seu projeto de texto. As Bancas esperam que você seja um leitor crítico, capaz de fazer inferências, ou seja, de ler não só a superfície dos textos motivadores, mas de mergulhar também nos seus sentidos implícitos, fazer pressuposições e tecer relações pertinentes com outros textos e referências de seu repertório sociocultural. Nada de forçar a barra. Quanto mais a produção parecer natural, maiores serão as chances de ser bem-sucedido.

Em resumo, em vez de se preocupar com os aspectos formais dos gêneros e tentar adivinhar qual pode cair, tarefa irrealizável, dada a quantidade imensa de gêneros e situações de comunicação possíveis, a melhor estratégia para se preparar é ler diferentes tipos de publicações que circulam socialmente e, como não poderia deixar de ser, estudar e resolver provas anteriores. Escreva, reescreva e, se possível, peça a alguém que leia seu texto. O site  da Comvest (Comissão Permanente para o Vestibular da Unicamp) fornece material extenso e muito elucidativo sobre exames anteriores, textos exemplares, expectativas de abordagem da proposta e critérios de avaliação. Por fim, os temas propostos costumam ser atuais e relevantes, pois se espera que os candidatos estejam por dentro das questões que permeiam o mundo contemporâneo e merecem atenção de toda a sociedade. Convido você a entrar nesse jogo.

Boas provas e sucesso!

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“Como escrever minha redação sem saber nada sobre o tema?” http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/12/09/como-escrever-minha-redacao-sem-saber-nada-sobre-o-tema/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/12/09/como-escrever-minha-redacao-sem-saber-nada-sobre-o-tema/#respond Wed, 09 Dec 2020 16:14:06 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2393 Por Daniela Toffoli, professora do Anglo Vestibulares

Esta época do ano é motivo de nervosismo, ansiedade e preocupação para muitos estudantes, afinal, estão acontecendo os principais vestibulares, e o almejado sonho de cursar uma faculdade está “a ‘apenas’ uma prova de distância”. Não bastasse isso, é comum que o momento de escrever a redação também cause certo receio, já que se trata de umas das avaliações que mais tem peso na nota do aluno – e convenhamos: não é todo dia que nos deparamos com uma dissertação-argumentativa de 30 linhas para ser feita em menos de uma hora e meia. É por esse motivo que algumas perguntas passam a se tornar recorrentes e, dentre elas, uma das mais comuns é: “Como escrever o meu texto se eu não souber nada sobre o tema?”.

Em primeiro lugar, é sempre importante “racionalizar” a prova de redação, porque, diferentemente do que muitos pensam, não tira mais nota aquele que for mais criativo e ousado no momento da escrita, mas, sim, – parafraseando (e complementando) Gabriel Garcia Márquez – aquele que “lê muito, pensa muito, reescreve muito” e domina muito as técnicas de redação. Por isso, caso se depare com um tema com o qual não tenha familiaridade, é essencial se lembrar de tudo o que você aprendeu sobre produção textual, e alguns desses ensinamentos merecem destaque:

  • Atente-se para a frase ou pergunta-temática, pois é ela que dará o direcionamento sobre o que deve ser discutido; se for preciso, “fragmente” essa sentença a fim de identificar os termos mais importantes – são as chamadas ‘palavras-chave’, as quais, necessariamente, devem aparecer em seu texto –, bem como deve analisar o tema com mais profundidade. Isso garantirá que você reconheça de maneira mais assertiva o problema central proposto para discussão;
  • Leia com muita atenção a coletânea, pois ela possui duas funções principais: a primeira é dar uma espécie de start em suas reflexões, afinal, é muito mais fácil que elas sejam suscitadas a partir de textos motivadores; e a segunda é apresentar ao candidato o recorte-temático – é relevante que ele seja identificado a fim de que se possa atender completamente ao tema solicitado. Além do mais, essa mesma coletânea pode servir como uma boa fonte de informações para fundamentar alguns de seus argumentos (só não abuse – seu texto não deve ser uma grande paráfrase da proposta);
  • “Vasculhe” a sua memória em busca de informação: tente investigar todas as áreas do conhecimento, pois com certeza conseguirá se lembrar de algo que já estudou, algum acontecimento importante (por isso é preciso estar sempre atualizado), algum aspecto literário ou qualquer outro tipo de referencial que possa ser associado ao assunto proposto;
  • Planeje muito bem o seu texto antes de escrever. Um dos fatores que mais valem nota na avaliação de uma redação é a organização, e isso porque ela envolve elementos como hierarquização de ideias, articulação dos argumentos, atendimento ao tema, coerência etc. Sendo assim, sempre faça um bom plano de texto antes de começar a escrita da versão final, pois é justamente isso que garantirá uma boa organização das informações;
  • Por último – e não menos importante –, domine muito bem a estrutura da dissertação. Seu texto precisa ter introdução, desenvolvimento (argumentação) e conclusão. Ele é organizado dessa forma porque permite a progressão das ideias de forma consistente, coerente e coesa.

Fica claro, portanto, que escrever um bom texto é muito mais uma questão de domínio de técnicas do que de conhecimento prévio sobre um tema específico, então, é interessante que você se concentre nesse tipo de estudo em lugar de tentar acertar os possíveis temas que podem ser abordados no vestibular. Isso significa que o que realmente fará a diferença em sua redação, queridos alunos e alunas, são dedicação e planejamento! Bons estudos!

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Como aproveitar as férias para ampliar o repertório para Redação http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/07/03/como-aproveitar-as-ferias-para-ampliar-o-repertorio-para-redacao/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/07/03/como-aproveitar-as-ferias-para-ampliar-o-repertorio-para-redacao/#respond Fri, 03 Jul 2020 19:11:58 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2235 Por Nara Lya Cabral, professora do Anglo Vestibulares

A redação é um dos momentos mais esperados – e temidos – na trajetória do vestibulando. Boa parte da apreensão dos estudantes decorre da percepção de que produzir uma redação é um ato complexo que envolve a mobilização simultânea de diversas habilidades. O ENEM, por exemplo, avalia cinco competências: dentre elas, a mobilização de conhecimentos construídos ao longo da formação do candidato para a defesa de um ponto de vista. É aí que entra o famoso “repertório”.

Uma das estratégias de mobilização de repertório mais exploradas pelos candidatos em grandes vestibulares ocorre no chamado “argumento de autoridade” (quando citamos ideias fundamentais de pensadores a fim de dar legitimidade a um argumento). No entanto, para além de conceitos de grandes áreas do saber, há outros tipos de repertório cujo domínio contribui para uma boa redação.

Dois deles, em especial, merecem a atenção dos vestibulandos durante as férias de julho – período que pode ser aproveitado para intensificar o contato com conteúdos muitas vezes negligenciados no restante do ano.

1. Investir no abastecimento do repertório sobre atualidades é uma ótima forma de se preparar para a discussão de temas que podem ser cobrados nas propostas de redação, já que os principais vestibulares do país costumam estar atentos a assuntos de alta relevância e visibilidade social. É o que mostra um estudo realizado pelo pesquisador da USP Ivan Paganotti: nas provas de 2010 a 2019 da FUVEST, temas atuais e textos noticiosos apareceram com frequência semelhante à de obras literárias.

Uma boa dica é reservar um horário diário para a leitura de jornais (impressos ou digitais). É importante estar atento à credibilidade dos veículos lidos (vale priorizar publicações tradicionais, de grande circulação e reconhecimento no mercado jornalístico) e buscar veículos que apresentem diferentes visões de mundo.

2. Produções culturais – como filmes e séries – também podem oferecer contribuições relevantes à elaboração de argumentos. Em relação a esse tipo de repertório, o estudante deve estar ciente de que citar obras culturais na redação não possui necessariamente a mesma função que a referência a ideias de pensadores e especialistas. Isso porque produções culturais nem sempre são úteis à construção de argumentos de autoridade; por outro lado, o simples fato de uma temática ser explorada em um filme ou série pode ser invocado como indício significativo da relevância e envergadura do tema em questão.

Uma dica é priorizar o consumo de produtos audiovisuais que tratem de temas relevantes no debate público atual, abordem problemáticas sociais, explorem fatos históricos, sejam inspiradas em fatos reais ou possuam caráter documental. Para as férias, esse é um caminho para ampliar o repertório cultural ao mesmo tempo em que se recarregam as baterias para o segundo semestre.

Boas férias!

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Gêneros textuais no ENEM http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2019/10/15/generos-textuais-no-enem/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2019/10/15/generos-textuais-no-enem/#respond Tue, 15 Oct 2019 18:56:57 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2048

*Por Eduardo Calbucci, professor do Anglo Vestibulares

Durante muito tempo, os exames para ingresso no ensino superior se preocupavam, basicamente, com o domínio da norma-padrão da língua e com a leitura do texto literário. É verdade que esses dois assuntos continuam aparecendo – e muito – no Enem e nos principais vestibulares do país, mas eles dividem espaço com outros temas, como variação linguística e gêneros textuais.

Em relação aos gêneros, lembremos que, desde a Grécia Antiga, com os gêneros retóricos e literários, existe uma preocupação em agrupar os textos que circulam socialmente em núcleos com características comuns. Mas, no mundo atual, elaborar uma lista ampla de gêneros, como os gregos tentaram fazer, não é tarefa simples: primeiro, porque os gêneros textuais são fenômenos históricos que nascem, desenvolvem-se e, às vezes, desaparecem no seio de cada cultura (conversas em aplicativos de mensagem de celular não existiam há quinze anos, por exemplo); segundo, porque há muitas categorias profissionais que têm seus gêneros próprios, como o caso dos advogados, que distinguem uma petição inicial de um mandado de segurança A notícia boa é que o Enem e os principais vestibulares do país não vão exigir o conhecimento de gêneros de baixa circulação social ou específicos de certos grupos profissionais.

Agora, se os gêneros são conjuntos de textos com propriedades comuns, quais seriam essas propriedades? O linguista russo Mikhail Bakhtin propôs que dois textos diferentes pertenceriam ao mesmo gênero se eles tivessem o mesmo conteúdo temático, o mesmo estilo e a mesma forma composicional.

O conteúdo temático remete ao grande assunto do texto e aponta para os temas habituais de que trata o gênero em questão. Por exemplo: todo diário traz reflexões pessoais a respeito de eventos cotidianos, embora cada um tenha suas particularidades. Dizemos que o diário é um gênero porque o grande assunto é sempre o mesmo nesses textos.

O estilo está mais ligado à linguagem empregada, o que pode remeter às palavras escolhidas, ao grau de formalidade, à organização sintática, aos recursos discursivos. Quando falamos de estilo, estamos pensando em variação linguística e na compatibilidade entre a linguagem utilizada e a competência interpretativa do público-alvo.

A forma composicional, que também pode ser chamada de estrutura de composição, engloba as partes constituintes do texto, que podem ser mais rígidas, como em uma certidão de nascimento ou um atestado de óbito, ou mais maleáveis, como em uma postagem para um grupo de amigos numa rede social.

Conhecer e identificar gêneros textuais é importante para a produção e para a interpretação textual. No âmbito da produção, a noção de gênero orienta como escrever e falar (escrever uma dissertação clássica é mais fácil para um vestibulando do que escrever uma bula de remédio); no processo de leitura, essa noção oferece indícios de como o texto deve ser interpretado (ninguém lê um enunciado de uma questão de Geografia da mesma forma que lê uma piada).

Assim, compreender que todo texto pertence a um gênero e que cada gênero apresenta um propósito comunicativo aumenta nossa capacidade de leitura e escrita, o que é essencial em qualquer exame de ingresso ao ensino superior.

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