Biologia – Dicas de Vestibular http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br Neste espaço, o vestibulando vai encontrar orientações, conteúdos que mais caem nas provas e dicas para se sair bem nos processos seletivos e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O conteúdo também pode ser útil aos interessados em provas de concursos. Fri, 31 Mar 2023 16:58:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Principais causas e tratamentos para a poluição das águas http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/10/04/principais-causas-e-tratamentos-para-a-poluicao-das-aguas/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/10/04/principais-causas-e-tratamentos-para-a-poluicao-das-aguas/#respond Tue, 04 Oct 2022 19:29:13 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2857 *Por Marcelo Perrenoud, professor do Anglo Vestibulares

Cerca de 70% da superfície do planeta Terra é coberta por água, porém menos de 1% deste montante é próprio para o consumo humano. A água doce disponível para o consumo está localizada principalmente em águas subterrâneas, em rios e, minoritariamente, em lagos.

Infelizmente, uma considerável porcentagem da água disponível para consumo apresenta alterações em suas propriedades químicas e físicas. Existem diversas causas para a contaminação das águas, sendo a ação humana uma das principais responsáveis. De maneira geral, existem três grandes fontes poluidoras: a atividade agrícola, a industrial e a doméstica.

Para que a produção agrícola aconteça, é necessária uma grande quantidade de água para abastecer as diferentes culturas produzidas. Assim, cerca de 70% do consumo hídrico brasileiro é de responsabilidade desse setor. Associado a isso, há muito desperdício no processo de transporte e irrigação e grande incidência de contaminação das águas subterrâneas devido ao uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos.

Apesar do Brasil possuir uma das mais rigorosas legislações de proteção ambiental do mundo, a baixa taxa de fiscalização pelos órgãos competentes cria uma condição propícia para o despejo de material contaminante nos córregos e lagos.

Outra fonte de poluição é o lançamento de esgotos domésticos diretamente na água. Apenas cerca de 62,8% dos municípios brasileiros tratam o esgoto antes de ser lançado em rios e lagos. A elevada concentração de material orgânico pode promover um processo denominado de eutrofização, onde ocorre um aumento na demanda bioquímica de oxigênio e uma acentuada queda na taxa de oxigênio dissolvido. Este fato contribui para a mortandade dos organismos aeróbios, como vertebrados, invertebrados e bactérias consumidoras de oxigênio. Além disso, o excesso de esgotos pode ser uma via de contaminação de diversas doenças, tais como a cólera, a hepatite, a ascaridíase, a cisticercose, entre outras.

Pode não ser perceptível, mas a água ingerida por milhões de pessoas que vivem em grandes centros urbanos contém diversos compostos derivados de fármacos, e hormônios. Dentre os principais hormônios encontrados em coletas e análises da qualidade da água estão os sexuais, como a progesterona, o estradiol e a testosterona. Esses hormônios são eliminados juntamente com a urina e fezes e indicam que os processos de tratamento de esgoto não estão sendo eficientes para a degradação destas substâncias endócrinas, que acabam sendo transportadas para as águas dos rios e chegam às casas como água potável, pois também são resistentes aos tratamentos empregados nas estações de tratamento de água.

Apesar dos tratamentos não serem totalmente eficazes, eles conseguem retirar grande parte dos contaminantes orgânicos, além de metais e microrganismos patogênicos. Entretanto, independentemente da capacidade de descontaminação dos métodos atuais, fica evidente que as atividades antrópicas precisam ser mais cuidadosas e preocupadas com a preservação da qualidade das águas, garantindo desta maneira a manutenção da vida humana e de diversas outras espécies.

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A ecologia presente em nosso cotidiano http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/03/22/a-ecologia-presente-em-nosso-cotidiano/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/03/22/a-ecologia-presente-em-nosso-cotidiano/#respond Tue, 22 Mar 2022 19:15:03 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2693 *Por Marcelo Perrenoud, professor do Anglo Vestibulares

O que aconteceu com os peixes desta praia? E os sapos desta lagoa? Que fatores ambientais permitem a presença de Baleias Jubarte no litoral da Bahia e também no continente Antártico? Será que a qualidade do ar interfere na presença dos líquens nas árvores? Questões como essas, são o foco da ecologia (do grego oikos, casa e logos, estudo), ramo da ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e deles com o meio.

A ecologia é uma disciplina considerada multidisciplinar, pois, para solucionar suas questões e analisar os resultados de experimentos, são necessários saberes de diversas outras áreas, tais como a fisiologia, a genética, a citologia, a química, a geografia, a matemática, entre outras. Devido a esta característica, questões que envolvem temas abordados na ecologia são muito frequentes nos grandes vestibulares.

Como o assunto é muito relevante, em 2020 a prova do ENEM cobrou cerca de 40% de questões relacionadas com assuntos envolvendo a ecologia. Os itens abordados foram: derrame de petróleo, esgoto doméstico, sucessão ecológica, fragmentação de habitats, ciclo do carbono e desmatamento. A partir da análise da incidência de questões sobre ecologia nos vestibulares, fica evidente a importância de um estudo detalhado e cuidadoso desses temas.

Em 2021 pouca coisa mudou, cerca de 25% da prova do ENEM abordou assuntos relacionados a ecologia. Os tópicos cobrados foram:

  • poluição do solo e das águas;
  • magnificação trófica;
  • descarte de resíduos sólidos urbanos e reciclagem de materiais;
  • relações ecológicas;

Uma forma que facilita o entendimento dos grandes temas da ecologia é compreender a biologia dos seres participantes dos processos ecológicos, para depois estudar as populações de organismos, e na sequência analisar as comunidades (conjunto de populações), posteriormente os ecossistemas (comunidades e fatores abióticos) e por fim, a biosfera (soma de todas as paisagens e ecossistemas do planeta).

Os conceitos ecológicos não estão apenas nos livros, eles fazem parte do nosso cotidiano. Ao acendermos uma churrasqueira, quando compramos um tênis novo, ou até mesmo quando ligamos a TV, estamos de certa forma contribuindo para a emissão de gases causadores do efeito estufa.

As chuvas intensas ocorridas nos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, podem ser parte da intensificação do aumento da temperatura global, fenômeno que atualmente proporciona o aumento de eventos climáticos extremos e impacta diretamente no desenvolvimento e na manutenção de milhões de espécies em nosso planeta, inclusive a humana.

A ecologia é muito importante para os vestibulares e também para a vida! Que a biologia consiga trazer muitos pontos em suas provas, juntamente com a sua aprovação!

Bons estudos e excelente prova!

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Sobre a impermanência dos vírus http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/09/15/sobre-a-impermanencia-dos-virus/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2021/09/15/sobre-a-impermanencia-dos-virus/#respond Wed, 15 Sep 2021 14:03:54 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2629

*Por Gisele Cova, professora do Anglo Vestibulares e do Colégio Anglo São Paulo

Em certa passagem de Crátilo, um dos grandes diálogos de Platão, Sócrates menciona a transitoriedade de tudo apresentada por Heráclito: “Heráclito diz, como sabes, que tudo se move e nada permanece em repouso, e compara o universo às correntes de um rio, dizendo que não podes entrar duas vezes no mesmo rio.” Se, por um lado, pode ser reconhecida a questão da instabilidade e fugacidade do ser nessa fala, por outro, também deve ser destacada a abertura à reflexão sobre identidade. Essas questões relacionadas ao ser e ao tempo se revelam adequadas também para analisar as impermanências características dos vírus: as tão comentadas variantes destes. É da mais alta importância entender a transitoriedade inerente aos vírus pois, a partir dessa reflexão, pode-se melhor lidar com a realidade que nos assola. Dito de uma forma bastante direta: fechar os olhos para um problema não faz com que ele desapareça. Enfrentemos o que precisa ser desvendado.

Os vírus, incluindo o SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de Covid-19, apresentam algumas características próprias da vida. É possível dizer algumas porque os vírus colocam as classificações biológicas em xeque porque não apresentam características tão caras ao reconhecimento de vida. Cabe aqui mencionar que muitos biólogos que se dedicaram à reflexão sobre vida, tal como a estadunidense Lynn Margulis e os chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela, não reconheciam vida nos vírus, porque, para eles, um ser deve ser identificado como vivo se apresentar a capacidade de fazer a si mesmo, manter seu próprio metabolismo, ou, como colocam, de apresentar autopoese.

As partículas virais não apresentam células, logo não são capazes de realizar metabolismo e são incapazes de se replicar de modo independente. Porém, ao mesmo tempo que parecem tão inertes, podem se replicar quando infectam células de um ser vivo. Para tanto, fazem uso do metabolismo da célula hospedeira e, por isso, são considerados parasitas intracelulares obrigatórios. E, no limite, só conseguem se reproduzir porque apresentam material genético. Oras, capacidade de reprodução e presença de material genético são características próprias da vida, não? Portanto, mais importante do que apresentar uma definição resolvida sobre a posição dos vírus nas classificações biológicas é entender quais características de um ser vivo os vírus têm — ou não. Essa sugestão é válida tanto para entender melhor o SARS-CoV-2 quanto para responder a uma questão de vestibular.

A rotina da população tem sido dependente da rotina de replicação do SARS-CoV-2 — podemos mesmo reconhecer uma relação de causa e efeito. Cada vez que o vírus consegue entrar em uma célula, passa a controlar as atividades do hospedeiro e a conduzir a síntese de novas moléculas próprias do vírus. Isso significa que ele é capaz de originar centenas a milhares de outros a partir da estrutura de uma única célula.

O SARS-CoV-2 consegue entrar nas células humanas a partir de uma proteína de seu envelope, identificada como espícula, ou spike, em inglês. Para tanto, depende do reconhecimento de proteínas da membrana plasmática. Uma vez dentro da célula, o parasita impede a atividade regular dos ribossomos e passa a controlá-los por meio de suas próprias proteínas. Isso permite que a célula forneça estrutura suficiente para a replicação do genoma viral que, neste caso, trata-se de RNA, e para a subsequente síntese de proteínas a partir deste RNA. Ocorre que na produção de novas moléculas de RNA pode haver erros, ou seja, podem ocorrer mutações nesse processo. E as mutações, por sua vez, podem originar novas proteínas do vírus. Quando isso acontece, eles podem se tornar mais ou menos letais, mais ou menos transmissíveis. Essa aleatoriedade das mutações é inerente ao processo evolutivo, e os vírus não escapam disso.

Assim, cada vez que a circulação deles é mantida em uma população, aumentam as chances de surgirem variantes. O pior cenário se dá quando o resultado é positivo para o vírus e negativo para nós. Nesse sentido, a evolução tende a favor dos vírus, não do hospedeiro. Surgem, então, tantas e tantas variantes, algumas mais preocupantes.A variante Delta, detectada pela primeira vez na Índia, é uma das que merece atenção. Trata-se de uma variação do SARS-CoV-2 porque é produto de mutações aleatórias que resultaram em uma spike mais eficiente, ou seja, a variante Delta tem maior eficiência na invasão das células, além de maior eficiência de replicação nas células, resultando em cargas virais muito maiores nas células humanas. Ainda, é um vírus que infecta as vias aéreas superiores. Tudo isso favorece a eficiência de transmissão, o que ocorre significativamente antes de surgirem os primeiros eventuais sintomas da doença.

Um informe do CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, apresenta um dado alarmante: a Delta é capaz de se espalhar mais que o ebola, gripe comum e varíola. Com a livre circulação dos vírus na Índia, no Brasil e em tantos outros países, é esperado que surjam novas variantes, uma vez que erros casuais ocorrem durante a replicação do material genético. E algumas dessas variantes, como a Delta, tendem a determinar novos picos da doença, provocando novas ondas de letalidade e levando a novas medidas de contenção na população, tal como voltou a ocorrer no Reino Unido recentemente.

Essas reflexões oferecem muitos contextos para a elaboração de diversas questões de vestibulares. Podemos esperar perguntas que mergulhem no processo de tradução proteica, esperando a interpretação dos resultados de uma mutação gênica ou que façam uso da diferença entre os conceitos de genoma e código genético, largamente utilizados como sinônimos em diversos meios de comunicação. Podemos também contar com uma questão evolutiva ou mesmo que promova a reflexão sobre a controversa classificação dos vírus. Enfim, se o desejo é por uma sociedade crítica, atuante e livre, é importante que as Universidades contribuam para essa formação. Logo, o processo seletivo deve buscar cidadãos que saibam refletir sobre questões científicas.

O conhecimento é essencial para a superação da corrida evolutiva travada entre nossa espécie e as diversas cepas de SARS-CoV-2 ou de qualquer outro vírus que nos ameace. A transitoriedade heraclitiana é inerente ao modo de replicação dos vírus. Essas partículas que nos parasitam são fugazes, impermanentes. Precisamos partir dessa premissa se quisermos controlar esta e quaisquer outras pandemias, e, para tanto, há que se fazer uso da Ciência e das armas — entenda-se “vacinas” — que temos à disposição para enfrentarmos essa batalha.

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Imunidade de rebanho http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/09/25/imunidade-de-rebanho/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/09/25/imunidade-de-rebanho/#respond Fri, 25 Sep 2020 17:50:56 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2334 Por Gabriel Antonini , professor do Anglo Vestibulares

O surto de infecções pelo vírus SARS-Cov2 se iniciou em dezembro de 2019, data em que a China notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) que havia inúmeros casos de pneumonia relacionados à uma nova doença, denominada Covid-19.  No entanto, somente no início de 2020 que se evidenciou a gravidade do potencial epidemiológico da doença, a partir de um comunicado da OMS que notificou que situação era considerada um caso de emergência de Saúde Pública.

Desde então, a doença se espalhou rapidamente pelo mundo, sendo que as medidas de distanciamento social foram as únicas que se mostraram eficazes na contenção desta doença, que em março já havia se tornado uma pandemia. Para todos que vivem esta realidade, uma pergunta paira no ar: quando tudo voltará ao normal? O que é necessário para que possamos restabelecer nossas rotinas? A resposta é simples: imunização. Quanto mais aumentar a porcentagem de indivíduos imunizados na população, menores serão as taxas de transmissão de covid-19, o que progressivamente frearia a pandemia. Mas o que é necessário para que isso ocorra?

A imunidade por ser obtida de duas maneiras: naturalmente – quando nosso organismo entra em contato com o agente patogênico que causa determinada doença e desenvolve mecanismos de combate a ele – ou artificialmente – quando esses mecanismos de defesa são estimulados por uma vacina. Como ainda não há vacinas disponíveis para a covid-19, nos resta apenas a imunização natural. No entanto, antes que nosso sistema imunológico seja capaz de combater naturalmente a infecção, o vírus se reproduz, o que resulta na progressão da doença e no contágio de pessoas saudáveis.

Nesse contexto, se discute a imunidade de rebanho. Ela consiste na proporção de indivíduos naturalmente imunizados de uma população que é necessária para refrear o avanço dos contágios de uma doença. Este impedimento na cadeia de transmissão acontece porque pessoas imunizadas possuem uma memória imunológica contra os vírus, e produzem anticorpos que os eliminam assim que a infecção ocorre. Com isso, o vírus não se reproduzirá no organismo da pessoa, evitando que ela o passe para outros indivíduos susceptíveis à infecção.

Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/hsP6gqgUNaPff-acAvLM05OAZSR6TUikq6P6iDK0cTYGXQkc0iIT-BwDbwQe2_-00wiouUBsEh4KztZud_d-xGneHmgm5JJKzoRSu97GiUSWJgZo_SWYr9NU-AwahrIPwusJMOHye26-SIbF0C69iUCmWVCV8lRkqhtD5okBTv9_KHdV

A imunidade de rebanho é atingida quando cada pessoa doente contamina, em média, menos de um indivíduo saudável.

A eliminação dos vírus do organismo no indivíduo imunizado acontece através resposta imunológica humoral, em que nosso sistema imunológico desenvolve a capacidade de produzir anticorpos específicos que podem reconhecer e eliminar agentes que podem causar doenças. Na primeira vez que microrganismos, como vírus, bactérias ou protozoários entram em nosso organismo, se inicia uma resposta imunológica primária. Nela, células do sistema imunológico reconhecem algumas moléculas dos microrganismos como estranhas ao nosso corpo. Estas moléculas são classificadas, de forma geral, como antígenos. As células que reconheceram os antígenos apresentam-nos à outras células do sistema imunológico, denominadas linfócitos B, que passam a se multiplicar. Em seguida, os linfócitos B se diferenciam em células especializadas na produção de anticorpos, os plasmócitos.

Com o tempo, a concentração de anticorpos no sangue aumenta, eliminando a infecção. Como a resposta imunológica primária é lenta, até que sejam produzidos anticorpos em grandes concentrações, há a possibilidade dos microrganismos se reproduzirem e causar danos ao nosso organismo. Mas por que pessoas que passaram por este processo podem barrar a cadeia de transmissão da covid-19?

Durante a resposta imunológica primária, alguns dos linfócitos B se tornam células especializadas, denominadas células de memória. Mesmo após a cura da infecção, estas células permanecem em nosso sangue. Se esta pessoa entrar novamente em contato com o vírus, as células de memória rapidamente irão se multiplicar e se diferenciar em plasmócitos. Com isso, haverá uma rápida e intensa produção de anticorpos, que eliminará os vírus antes que possam se reproduzir e passar para outras pessoas.

Fonte: https://blacksmoker.files.wordpress.com/2020/05/resposta-imunitc3a1ria-lt.jpg?w=845

A segunda exposição a um mesmo antígeno gera uma resposta imunológica secundária, que é mais rápida intensa e duradoura.

 A porcentagem de pessoas de uma população que tem que estar imunizadas para atingir a imunidade de rebanho pode variar em função das diferenças no risco de contágio das pessoas susceptíveis à doença. No caso da covid-19, podemos separar as causas dessas diferenças em dois grupos: biológicas, como genética e nutrição, e sociais, como o nível de contato com outras pessoas, condições de moradia e o deslocamento diário. Pesquisadores tem tentado determinar qual seria a proporção de indivíduos imunizados que seria necessária para atingir a imunidade de rebanho para covid-19. Para avaliar a influência dos fatores que causam variabilidade na susceptibilidade à doença na chegada ao limiar que resultaria na imunidade de rebanho, os pesquisadores têm analisado como a curva epidemiológica tem se comportado em diferentes regiões. No entanto, ainda não há um consenso em qual deve ser a porcentagem de pessoas imunizadas para que a imunidade de rebanho seja atingida.

A imunidade de rebanho não é forma ideal de se obter a imunização de uma população, já que para que ela seja atingida, é necessário que muitas pessoas tenham que se contaminar, o que elevaria as taxas de internação e de mortalidade. Além disso, deve-se também contabilizar as possíveis sequelas que as infecções poderiam deixar àqueles que se recuperaram dela. No caso de uma doença nova, como a covid-19, muitos desses danos permanentes ainda estão sendo descobertos. A estes fatores deve-se a importância da descoberta de uma vacina eficaz e segura, que seria uma forma artificial de adquirir a imunização. Ela traria a imunidade necessária para refrear a pandemia sem que houvesse as contrapartidas que podem ocorrer durante o processo de imunização natural a esta doença.

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Algas são demais: elas produzem oxigênio, ajudam a saúde e são comestíveis http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2019/08/20/algas-sao-demais-elas-produzem-oxigenio-ajudam-a-saude-e-sao-comestiveis/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2019/08/20/algas-sao-demais-elas-produzem-oxigenio-ajudam-a-saude-e-sao-comestiveis/#respond Tue, 20 Aug 2019 17:18:44 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=1982

*Por João Carlos Rodrigues Coelho, professor do Anglo Vestibulares

O que são as algas? As algas são organismos eucariotos (possuem carioteca), autótrofas (a maioria das espécies) que compõem um grupo muito diversificado de vida. Muitas são macroscópicas, multicelulares, e vivem fixas nos ambientes aquáticos, como nos costões rochosos. Mas a maioria é unicelular (microscópica) e faz parte do fitoplâncton (conjunto de seres autótrofos levados pelas correntes) nos ambientes aquáticos, os quais cobrem cerca de 70% da Terra, onde realizam fotossíntese nas profundidades até onde a luz atinge, o que pode ser a 200 metros da superfície do mar.

Por isso, são responsáveis pela produção anual da maior parte de oxigênio de nosso planeta, ainda mais se considerarmos que vivem ao lado das cianobactérias (seres procariotos, desprovidos de cloroplastos, mas possuidores de clorofila), que também fazem parte do fitoplâncton e produzem oxigênio.

Disto vem a concepção de que de os ambientes aquáticos é que constituem de fato “pulmão da Terra”, e não a Floresta Amazônica, a qual, embora realize muita fotossíntese, também tem altas taxas de respiração. Principalmente hoje, com a recente diminuição de chuvas na Amazônia, devido ao aquecimento global, que causou a redução da taxa de fotossíntese da floresta. (Sugestão de leitura: No Inpa, cientistas alertam para baixa absorção de carbono pela floresta amazônica)

Além dessa grande importância ecológica, diversas pesquisas têm sido feitas com as algas, e os resultados proporcionam perspectivas muito interessantes. Por exemplo, elas podem ser utilizadas como biofertilizantes (adubos) nas lavouras ou como fonte de nutrientes na criação de animais.  Isso já é feito em vários países, onde macroalgas como as do gênero Lithothamnium, extraídas do mar no litoral do Maranhão e ricas em cálcio e magnésio, são incorporadas à alimentação de frangos e no cultivo de plantações de milho e tomate.

Elas também estão visadas para o tratamento de esgoto, pois absorvem o excesso de minerais, como o fosfato, resultante da decomposição bacteriana de detergentes, que podem causar eutrofização (multiplicação exagerada de algas, devido ao acréscimo de nutrientes minerais em meios aquáticos).

Atualmente esses íons são removidos por meio de adição de compostos químicos que causam sua precipitação nas estações de tratamento e depois são recolhidos e enviados para aterros sanitários, transporte que obviamente envolve custo elevado. Porém, uma vez que o fosfato faz parte de diferentes moléculas das algas – como o DNA, RNA, ATP e fosfolipídios – e elas se desenvolvem muito bem com a água resultante do tratamento de esgoto, depois do processo, elas poderiam ser recolhidas, desidratadas e utilizadas como fertilizantes.

E tem mais! As algas revelaram um amplo campo para a produção de medicamentos, a partir de moléculas produzidas por elas. Há diversas pesquisas neste campo, das quais se obteve interessantes resultados com a inibição da enzima transcriptase reversa, utilizada pelo vírus HIV, causador da AIDS, o que impossibilita sua reprodução dentro das células. Há também compostos químicos citotóxicos (matam células) de grande interesse na eliminação de células tumorais e antioxidantes, que reduzem a formação de radicais livres que danificam moléculas, como o DNA.

Surpresa final: você come produtos com carboidratos de algas frequentemente e nem percebe. Sabe onde eles estão? Nos sorvetes, pães, massas de bolos, cremes de doces e em outros diversos produtos bem macios e aerados. Sabe por quê? Porque esses carboidratos são emulsificantes, isto é, são responsáveis pela emulsão (mistura de líquidos imiscíveis – aqueles que naturalmente não se misturam), proporcionando textura macia e homogênea a diversos produtos comestíveis.

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Surto de Toxoplasmose: Doença, Riscos e Prevenção http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2019/06/19/surto-de-toxoplasmose-doenca-riscos-e-prevencao/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2019/06/19/surto-de-toxoplasmose-doenca-riscos-e-prevencao/#respond Wed, 19 Jun 2019 16:23:39 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=1881

* Por Gabriel Antonini, professor do Anglo Vestibulares e do Colégio Anglo São Paulo

Desde o início de março, foi registrado um aumento do número de casos de toxoplasmose na cidade de São Paulo. De acordo com dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, já foram registrados 79 casos neste período. A hipótese que vem sendo estudada para explicar o aumento é que a contaminação teria ocorrido a partir de restaurantes e buffets em diferentes regiões da cidade.

Em nota, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) afirmou que “estão sendo investigadas fontes alimentares/situações de risco destes locais, assim como fornecedores de alimentos em comum”. Para compreender a preocupação dos órgãos de vigilância e controle de epidemias, assim como a possível relação do aumento de casos de toxoplasmose com estabelecimentos comerciais de alimento, é necessário compreender mais a fundo as causas, consequências e formas de transmissão dessa doença.

A toxoplasmose é uma parasitose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii (T. gondii). Essa doença é assintomática na maior parte dos casos em que um indivíduo com sistema imunológico sadio é infectado. Mesmo quando presentes, os sintomas são leves e semelhantes aos de uma gripe: linfonodos inflamados, cansaço, dores musculares e de cabeça. No entanto, há dois grupos de risco que podem estar relacionados com o desenvolvimento de uma forma mais grave da toxoplasmose: indivíduos com o sistema imunológico debilitado, e gestantes. Mulheres grávidas que nunca tiveram toxoplasmose não possuem anticorpos para combater o protozoário. Com isso, é possível que o protozoário vá até a placenta e chegue ao feto em desenvolvimento. Nesse caso, o feto poderá desenvolver a toxoplasmose, denominada toxoplasmose congênita, que pode, então, causar cegueira, miocardite, problemas pulmonares, confusão, convulsões e danos ao sistema nervoso.

O T. gondii é um parasita que infecta uma grande variedade de vertebrados, como répteis, aves e mamíferos. Os gatos domésticos e outros felídeos são os principais hospedeiros desse protozoário. Somente neles o Toxoplasma é capaz de se reproduzir sexuadamente, sendo, portanto, classificados como hospedeiros definitivos. Nos demais vertebrados só há reprodução assexuada, caracterizando-os como hospedeiros intermediários.

Legenda: Ciclo biológico do Toxoplasma gondii. Disponível em https://www.crmvsp.gov.br/arquivo_zoonoses/TOXOPLASMOSE_SERIE_ZOONOSES.pdf (site do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo)

A fase sexuada da reprodução do protozoário se limita às células do epitélio intestinal de gatos. Nas fezes do gato, são eliminados oocistos, que contaminam a água, o solo e os alimentos de outros vertebrados (aves, redores, bovinos, suínos, entre outros).

Quando esses animais ingerem os oocistos, são liberadas em seu intestino formas contaminantes do protozoário, que rapidamente invadem outras vísceras, o sistema nervoso central e a musculatura esquelética. No entanto, se este hospedeiro estiver com um sistema imunológico saudável, os protozoários são combatidos, resultando na formação cistos. Eles se alojam nos tecidos e permanecem latentes, sem causar doença. Se um gato se alimentar de uma ave, de um roedor ou da carne de um vertebrado que esteja contaminado, o Toxoplasma se reproduzirá sexuadamente em seu epitélio intestinal, retomando o ciclo reprodutivo.

O contágio da toxoplasmose pelo homem pode ocorrer de diversas maneiras: pela ingestão de alimentos e água contaminados pelas fezes dos gatos, pela ingestão de carne contaminada malcozida, por transmissão placentária e, mais raramente, por transfusões sanguíneas ou transplante de órgãos. São consideradas medidas preventivas contra a toxoplasmose: não ingerir carne crua ou malpassada, lavar bem alimentos que serão ingeridos crus e evitar contato com as fezes de gatos ou de outros felinos. Para evitar o contágio de gatos domésticos, é importante que eles sejam alimentados apenas com ração e evitar, sempre que possível, que se alimentem de carne crua ou de outros animais.

As investigações dos surtos nos diferentes bairros da cidade de São Paulo indicam que as contaminações foram provavelmente causadas por transmissão alimentar. No entanto, em nota, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou que os testes realizados nos estabelecimentos ligados aos casos foram negativos. Isso, associado à ausência de contaminações mais recentes, pode indicar que os surtos foram pontuais, o que reduz as chances de uma contaminação em larga escala.

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A redução da cobertura vacinal no Brasil http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/09/03/a-reducao-da-cobertura-vacinal-no-brasil/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/09/03/a-reducao-da-cobertura-vacinal-no-brasil/#respond Mon, 03 Sep 2018 18:37:51 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=1724 vacinação

Dentre as causas dessa redução, o Ministério da Saúde aponta que algumas “fake news” foram bastante veiculadas e assustaram muitas pessoas, pois associavam as vacinas com reações prejudiciais ao organismo.

Dentre essas mentiras, destaca-se a publicação do médico Andrew Wakefield em 1998, que insinuava que a vacina contra sarampo estaria associada a casos de autismo, o que foi comprovado ser totalmente falso. Em 2010, o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido julgou Wakefield “inapto para o exercício da profissão”, qualificando seu comportamento como “irresponsável”, “antiético” e “enganoso”.

Outros fatores contribuíram, como a percepção enganosa pela população de que algumas doenças, como a pólio, desapareceram; o receio de que a aplicação de muitas vacinas sobrecarrega o sistema imunológico; o desconhecimento do complexo calendário de vacinação brasileiro (embora o programa de vacinação brasileiro seja reconhecido como um dos mais bem-sucedidos do mundo) e, por último, a dificuldade da população em comparecer aos postos de saúde nos dias úteis em horário comercial.

Então vamos esclarecer algumas coisas. Em primeiro lugar, o que é uma vacina?

Vacina é uma preparação com antígenos (polipeptídios ou polissacarídeos), que induz o organismo a se imunizar, isto é, a produzir anticorpos específicos, que atuam na defesa contra agentes infecciosos (vírus, bactérias).

Em sua composição, podemos encontrar, por exemplo, micro-organismos inativados (mortos) pelo calor ou por substâncias químicas, como o formaldeído; micro-organismos vivos atenuados, que são variações mutantes sem capacidade de multiplicação em células humanas ou toxoides (toxinas inativadas por formol).

Que motivos as pessoas têm para se vacinar?

As pessoas ficam protegidas contra vírus ou bactérias causadoras de doenças, que podem até mesmo levar à morte. Além disso, a vacinação reduz o número de pessoas portadoras de organismos infecciosos nas populações humanas, o que diminui os riscos de transmissão.

Existem riscos na vacinação?   

Sim, é verdade, há alguns riscos, mas vamos falar abertamente e com maturidade: há pequenas, muito pequenas chances de ocorrerem eventos “negativos” após a aplicação de uma vacina, portanto, as vantagens superam muitas vezes esses riscos.

Deixar de vacinar as crianças contra o sarampo, por exemplo, é muito grave, pois a doença reduz as defesas do organismo, o que as deixa mais suscetíveis a outras infecções. Cerca de 30% dos casos de sarampo podem ter uma ou mais complicações, como a pneumonia.

Mas e os casos de alergia? Algumas pessoas podem ter reação anafilática (reação alérgica intensa e de rápida progressão), devido à presença de substâncias químicas na composição das vacinas, como as proteínas de ovos, encontradas em vacinas produzidas com vírus multiplicados em embriões de aves, porém isso acontece em apenas uma em um milhão de doses aplicadas.

 

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Por que é mais fácil ficar doente durante as estações de outono e inverno? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/06/25/por-que-e-mais-facil-ficar-doente-durante-as-estacoes-de-outono-e-inverno/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/06/25/por-que-e-mais-facil-ficar-doente-durante-as-estacoes-de-outono-e-inverno/#respond Mon, 25 Jun 2018 12:32:52 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=1659

Nos dias de outono e inverno, é muito comum a ocorrência de doenças respiratórias, principalmente gripe, resfriado, rinite e sinusite, sem contar possíveis infecções pulmonares de origem viral ou bacteriana. O motivo é fácil de entender. Assim que saímos das estações mais quentes, demora para as pessoas perceberem que precisam proteger-se mais, com roupas mais aconchegantes, tanto em casa como em locais externos.

É comum observar-se muita gente, no começo dos meses mais frios, ainda caminhando nas ruas de bermudas, sem agasalhos, sem proteção na cabeça etc. Nesses casos, o organismo, sujeito a temperaturas ambiente baixas, passa por um aumento do metabolismo, que gera mais calor e mantém o corpo mais aquecido nessas ocasiões, de modo a se proteger do frio.

Do mesmo modo, as pessoas passam a se aglomerar mais, o que facilita sobremaneira o espalhamento de microrganismos que costumam invadir as vias respiratórias. Em recintos abertos ou fechados, basta que alguém esteja gripado, tossindo, espirrando, para que as partículas liberadas pelas vias respiratórias se espalhem pelo meio, contaminando mãos, objetos, portas, corrimões, mesas, sofás, portas de veículos, celulares, tablets, laptops e tudo o mais que possa alojar microrganismos. E aí, contaminar-se é muito fácil, não é mesmo?

Em razão disso, o sistema imunológico precisa ficar em alerta e é muito exigido, em vista de possíveis ocorrências de infecções que precisam ser prontamente combatidas. Assim, é fundamental adotar atitudes preventivas que impeçam o contágio nessas ocasiões. Lavar constantemente as mãos, com água e sabonete ou higienizá-las com álcool gel são algumas delas. Ao espirrar ou tossir, conduzir a palma da mão à boca, no sentido de evitar o espalhamento das partículas. Evitar cumprimentos como beijos, na medida do possível. Utilizar lenços descartáveis ao tossir ou espirrar e depositá-los em recipientes de lixo. Beber muita água, permitindo que fígado e rins exerçam seus papéis de filtradores do sangue possivelmente contaminado por vírus, bactérias e seus fragmentos.

Agora, uma pergunta frequente: é seguro ser vacinado contra a gripe? Sim, mesmo que a cobertura vacinal não atinja 100%, é vantajoso vacinar-se. A campanha de vacinação contra a gripe foi prorrogada, em vista da pequena adesão. Além disso, divulga-se que muitas pessoas vacinadas contraíram gripe, o que assusta possíveis candidatos à vacinação. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a vacina atual tenta imunizar contra três tipos de vírus da gripe: H3N2 (o mais grave), H1N1 e um terceiro, do tipo B.

Em segundo lugar, destaca-se que o material genético dos vírus da gripe é representado por algumas moléculas de RNA, e que vírus da gripe não são retrovírus, característica típica do HIV. Assim que os vírus da gripe penetram nas células do sistema respiratório, as moléculas de RNA dirigem-se ao núcleo celular, no qual se multiplicam graças à ação de enzimas RNA polimerases, cuja produção consta da informação contida nas moléculas de RNA virais. Terminada a multiplicação desses ácidos nucleicos, eles se dirigem ao citoplasma da célula, local em que ocorrerão as traduções, ou seja, a síntese de proteínas virais, tais como a Hemaglutinina (letra H) e a Neuraminidase (letra N).

O passo final é a montagem dos vírus descendentes e sua liberação das células infectadas. Percebe-se, assim, que a vacinação é um método importantíssimo de prevenção. Todas essas ocorrências podem ser evitadas com esse simples procedimento. É claro que pessoas com alguma deficiência imunológica, alguma irregularidade orgânica ou submetidas a algum tratamento terapêutico devem passar por avaliação médica, antes de receberem a dose da vacina. É preciso lembrar, ainda, que, para a produção da vacina, os vírus são primeiramente cultivados em ovos de galinha embrionados. Então, é possível que pessoas que apresentem algum tipo de reação alérgica a componentes dos ovos, notadamente proteicos, não possam ser vacinadas.

Por fim, uma pergunta comumente feita é se durante os meses quentes do ano também não é comum a ocorrência de problemas respiratórios. Sim, até é possível, mas, é bom lembrar que, em meses quentes, afecções respiratórias mais comuns são as relacionadas a alergias que incidem nas cavidades nasais, seios da face e olhos. Nessas ocasiões, o organismo fica mais aquecido, mais pronto para eventuais respostas defensivas, mas, mesmo assim, os mesmos procedimentos preventivos devem adotados, inclusive vacinação. Não custa, porém, repetir: se necessário, procure o médico.

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DSTs: como essas doenças podem cair no vestibular? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/05/28/dsts-como-essas-doencas-podem-cair-no-vestibular/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/05/28/dsts-como-essas-doencas-podem-cair-no-vestibular/#respond Mon, 28 May 2018 16:42:45 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=1640

As doenças sexualmente transmissíveis acompanham a humanidade há milênios. Embora muita informação esteja disponível, ainda pairam muitas dúvidas entre as pessoas. O assunto também pode aparecer nos vestibulares e no ENEM, portanto é bom entender um pouco melhor sobre o assunto.

            Uma das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) que tem preocupado os órgãos de saúde é a sífilis. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2015 e 2016, houve um aumento de 27,9% dessa doença no Brasil. Ela é causada pela bactéria Treponema pallidum e facilmente transmitida nas relações sexuais sem camisinha.

Os sintomas se manifestam por volta de 10 a 90 dias após a contaminação e se apresentam na forma de feridas (cancro duro) que podem aparecer não só nos órgãos genitais, mas também na boca ou em outra parte do corpo com a qual a bactéria tenha tido contato. Em geral não há dor, coceira ou ardência no local. Em um segundo momento, os sintomas podem evoluir para manchas avermelhadas na pele, febre, falta de apetite, etc. É nesses estágios iniciais que a doença apresenta o maior risco de contaminação.

Após esses dois estágios, a doença pode regredir sozinha e entrar em um estágio assintomático, mas isso não representa uma cura. Depois de ficar encubada por um período que varia de 2 a 40 anos, podem surgir sintomas bem mais severos, como lesões cardiovasculares, neurológicas, na pele, nos olhos, nos ossos, etc.

A sífilis pode também ser transmitida por transfusões de sangue e pela placenta durante a gestação (transmissão transplacentária), podendo causar más-formações, aborto e até a morte do feto. Quando nasce, a criança pode apresentar feridas pelo corpo, cegueira, má-formação dentária, surdez, pneumonia, deficiência mental, etc. A sífilis congênita, como é conhecida, praticamente dobrou entre 2010 e 2015. Por se tratar de doença causada por bactéria, o tratamento é feito com antibióticos.

Outra bactéria que pode ser transmitida no ato sexual é a Neisseria gonorrhoeae, causadora da gonorreia ou blenorragia, uma das DSTs mais comuns no mundo. Os sintomas aparecem rapidamente, de 1 a 8 dias após o contágio. A bactéria se instala principalmente na uretra onde se reproduz causando dor e ardência ao urinar e produção de pus. Esses sintomas aparecem na maioria dos homens contaminados, mas podem não aparecer nas mulheres que, sem saber que estão contaminadas, correm o risco do agravamento da infecção. Sem tratamento, a bactéria invade outras partes do corpo, podendo causar problemas sérios. Nos homens, os mais comuns são inflamação dos testículos e da próstata e, nas mulheres, a doença pélvica inflamatória, que acomete o útero, os ovários e as tubas uterinas. Em ambos os casos, pode haver infertilidade. Mulheres grávidas contaminadas podem transmitir a bactéria ao bebê, levando a eventual parto prematuro e graves lesões oculares.

Um dado alarmante é que os antibióticos usados em larga escala no tratamento dessa doença acabaram selecionando variedades resistentes da bactéria, limitando as opções de antibióticos para o tratamento atualmente. A seleção de bactérias resistentes a antibióticos é um tema de grande incidência nos vestibulares e no ENEM.

A Chlamydia trachomatis é outra bactéria transmitida sexualmente que provoca uma DST denominada clamídia. Os sintomas são muito parecidos com os da gonorreia, embora mais brandos, o que pode levar à confusão no diagnóstico. Felizmente ambas podem ser combatidas com o mesmo antibiótico (Azitromicina), em dose única.

Quando se fala em DST, é fundamental comentar sobre a AIDS (SIDA no português – síndrome da imunodeficiência adquirida) e o retrovírus causador dessa doença, o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Dados do Ministério da Saúde vêm mostrando um aumento do número de jovens contaminados, principalmente entre 15 e 19 anos de idade, com maior incidência entre os homens.

O HIV ataca os linfócitos T, células do sistema imunológico que regulam a produção de anticorpos pelos linfócitos B. Dessa forma, a defesa do organismo fica prejudicada e pode ocorrer contaminação por outras infecções, as quais podem levar o paciente à morte. Um indivíduo pode ser portador do vírus (soropositivo) sem apresentar sintomas da doença, mesmo assim, ele pode transmiti-lo a pessoas saudáveis nas relações sexuais sem preservativo ou por transfusão de sangue. A transmissão vertical (da mãe infectada para o filho) também pode ocorrer, por isso é importante que no pré-natal a mulher saiba se está contaminada para usar o coquetel de medicamentos antirretrovirais, a fim de controlar a população do vírus e impedir a transmissão ao filho.

O tratamento da AIDS é feito com vários medicamentos combinados (coquetel), dentre os quais está o AZT, um antiviral que inibe a ação da transcriptase reversa, enzima fundamental na transformação do RNA viral em DNA viral, que irá controlar a multiplicação de novos vírus nos linfócitos T. O tratamento pode manter a pessoa infectada com vida normal, mesmo não correspondendo à cura da doença com eliminação do vírus. Embora a maioria dos pacientes responda bem ao coquetel, alguns são acometidos por efeitos colaterais, como danos no fígado e nos rins, doenças coronarianas, diarreias, enjoos, etc. Sem tratamento, a pessoa desenvolve a AIDS e passa a apresentar dores na cabeça, na garganta e nos músculos, febre, ínguas etc., até que infecções oportunistas encontrem o corpo já debilitado e se instalem, podendo levar o indivíduo à morte. No Brasil, desde 1996, todas as pessoas com AIDS têm o direito de receber gratuitamente do governo os medicamentos antirretrovirais.

Outro vírus que tem se espalhado com frequência é o papiloma vírus humano (HPV), que causa uma doença chamada condiloma acuminado, popularmente conhecida como crista de galo. Esse vírus está relacionado à maioria dos tumores de colo de útero (ou câncer cervical), que é um dos mais comum em mulheres. Ao contrário do que muita gente pensa, o vírus também está associado, em menor proporção, a câncer de vagina, vulva, ânus e pênis.

Embora associado ao câncer, a maioria das pessoas saudáveis que se contaminam com o HPV acabam conseguindo combater o vírus e eliminá-lo do organismo. Entre 10 e 20% dos pacientes não conseguem eliminar o vírus do corpo e dentre eles, as mulheres ficam suscetíveis a desenvolver o câncer cervical. O desenvolvimento de tumores leva, em geral, muitos anos. Os exames periódicos, como o de Papanicolau, podem detectar as lesões causadas pelo vírus e permitir que se comece um tratamento para eliminar o problema que pode ir de uma cauterização química até uma cirurgia para a retirada do tumor.

A boa notícia em relação ao HPV é que há vacina que pode evitar a contaminação. Ela é feita com os subtipos virais 6, 11, 16 e 18, e não com todas as variedades, o que significa que pode haver contaminação por um outro subtipo viral, mesmo que a pessoa esteja vacinada. Mesmo assim, a vacina é recomendada, pois aproximadamente 70% dos casos de câncer de colo de útero são causados pelas variedades 16 e 18.

A vacina deve ser tomada a partir dos 9 anos, preferencialmente pelas meninas, antes de se iniciar a vida sexual. Lembre-se de que as vacinas inoculam o antígeno (no caso do HPV os vírus estão enfraquecidos) para que o indivíduo produza os próprios anticorpos, por isso não adiantaria vacinar pessoas que já estão contaminadas.

A única prevenção para todas as DSTs citadas neste texto é evitar o contato com os microrganismos causadores, o que deve incluir, principalmente, o uso de preservativos nas relações sexuais. Atualmente muitos jovens se preocupam em prevenir a gravidez e utilizam métodos como pílulas anticoncepcionais, esquecendo-se de que o preservativo não só previne a gravidez como diminui muito a chance de contágio das DSTs.

As doenças citadas estão entre as DSTs mais importantes. O candidato aos vestibulares e ao ENEM deve conhecer aquelas causadas por vírus e as causadas por bactérias. Deve conhecer o ciclo de vida do HIV, sua célula hospedeira (linfócito T) e saber por que causa imunodeficiência. A ação das vacinas, como do HPV e dos soros, também é assunto recorrente nos principais exames.

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O perigo da Água: doenças transmitidas pela falta de tratamento http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/04/16/o-perigo-da-agua-doencas-transmitidas-pela-falta-de-tratamento/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2018/04/16/o-perigo-da-agua-doencas-transmitidas-pela-falta-de-tratamento/#respond Mon, 16 Apr 2018 16:38:56 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=1604

Grande parte da população brasileira (cerca de 105 milhões de pessoas) mora em residências sem coleta de esgoto, que, muitas vezes, é lançado diretamente nos ambientes aquáticos e até mesmo corre próximo às casas.

     A situação precária do saneamento básico é agravada ainda pelo fato de que cerca de 40% do esgoto coletado não é tratado. Além disso, cerca de 35 milhões de cidadãos não recebem água tratada em suas casas.

     Diante desses dados estarrecedores, temos que considerar os riscos que a população corre de se contaminar com organismos patogênicos (causadores de doença) pelo consumo de água ou pelo contato físico com ela. Centenas de doenças podem ser transmitidas pela água sem tratamento, que pode conter toxinas de cianobactérias, bactérias, vírus, cistos de protozoários e ovos de vermes.

        As cianobactérias são bactérias fotossintetizantes, que se proliferam em mananciais eutrofizados, isto é, com enriquecimento de nutrientes inorgânicos provenientes de fertilizantes das lavouras ou da decomposição de esgoto orgânico.  Algumas espécies produzem neurotoxinas, que afetam o sistema nervoso e hepatotoxinas, prejudiciais ao fígado, que são muito nocivas à saúde humana.

         Agentes infecciosos (que invadem o hospedeiro e nele se reproduzem) podem estar presentes nas fezes humanas e de animais, e a transmissão para as pessoas pode ocorrer pelo consumo da água contaminada e de alimentos que entraram em contato com ela.

      A água sem tratamento também contamina objetos de cozinha, como tábuas para bater carne ou cortar frutas e legumes, facas, potes, esponjas de lavar, etc. Organismos patogênicos também podem ser transportados para os lares por meio de insetos, como moscas e baratas.

      Algumas doenças são mais frequentemente transmitidas pelo contato da pele com a água contaminada pelo agente etiológico (agente causador da doença), como é o caso da leptospirose, cuja bactéria causadora está presente na urina de ratos e outros animais e pode invadir o corpo humano pelos poros. O contágio também pode se dar pelas mucosas dos olhos, do nariz e da boca, o que inclui o risco de transmissão pela ingestão da água contaminada.

     A transmissão de esquistossomose também está relacionada com a falta de saneamento básico, pois os ovos embrionados saem com as fezes humanas e contaminam ambientes de água doce, onde liberam a larva miracídio, que invade o caramujo hospedeiro intermediário, do qual saem larvas cercárias, que invadem a pele humana.

         Dentre as doenças que podem ser transmitidas pelo consumo de água contaminada estão:

    Os protozoários formam cistos muito resistentes, que persistem muito tempo nos ambientes, e os vermes produzem ovos com embriões. Esses cistos e ovos estão presentes nas fezes humanas e contaminam mãos, objetos e a água.

     Essas informações são usualmente cobradas nas provas, portanto, prepare-se adequadamente para o ENEM e exames vestibulares, estudando a transmissão e os sintomas dessas doenças assim como as formas de preveni-las.

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