Dicas de Vestibular http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br Neste espaço, o vestibulando vai encontrar orientações, conteúdos que mais caem nas provas e dicas para se sair bem nos processos seletivos e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O conteúdo também pode ser útil aos interessados em provas de concursos. Fri, 31 Mar 2023 16:58:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Qual é a importância da Escola de Frankfurt? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/03/31/qual-e-a-importancia-da-escola-de-frankfurt/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/03/31/qual-e-a-importancia-da-escola-de-frankfurt/#respond Fri, 31 Mar 2023 16:41:54 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2941 *Por Felipe Leal, professor do Anglo Vestibulares

“Escola de Frankfurt” é o nome atribuído pela tradição a um conjunto de pensadores ligados ao Instituto para Pesquisas Sociais da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Inicialmente dedicado ao estudo e à organização da obra de Karl Marx, a instituição passou a ser um centro de pensamento interdisciplinar e heterogêneo que produziu novas leituras críticas da sociedade contemporânea.

Por pensamento crítico pode-se entender, de maneira abrangente, não reduzir o estudo da sociedade à descrição. Em vez disso, trata-se de tensionar, em cada momento e contexto, possibilidades e bloqueios à emancipação humana. A proposta, portanto, é olhar para o mundo de maneira aberta a possibilidades de autonomia e de combate a formas de opressão.

Um dos primeiros legados da escola se deu na interpretação de um fenômeno-chave do século XX: os chamados meios de comunicação de massa. Theodor Adorno e Max Horkheimer propuseram, nas décadas de 1930 e 1940, o conceito de Indústria Cultural. Para eles, as obras de arte haviam se tornado produtos industriais homogeneizados, associados à regressão da experiência estética e ao conformismo político. Já para Walter Benjamin, as novas técnicas de reprodução das obras (fotografia, cinema, gravadores de música) abriam possibilidades de acesso mais democrático às artes e mesmo de consciência de classe.

O debate sobre os meios de comunicação e novas formas de opressão relacionava-se à emergência do fascismo e do nazismo. E a como a democracia não deixava de ter suas formas, sutis, de dominação, revestidas de técnica e de razão.

No cenário do pós-guerra, Jürgen Habermas, que trabalhou com Adorno, debruçou- sobre a questão democrática. Criticando elementos como a colonização da política pela lógica do mercado, ele propôs um modelo de democracia deliberativa que via possibilidades emancipatórias para o regime surgido com as Revoluções Burguesas. Tratava-se de buscar uma democracia que incluísse as pessoas atingidas pelas decisões e que envolvesse um debate racional voltado ao consenso. Uma democracia, portanto, mais inclusiva e aberta a uma noção de razão comunicativa, pautada no debate.

Mais recentemente, com a emergência política de movimentos ligados a questões como gênero e raça, autores ligados aos frankfurtianos promoveram um debate importante sobre reconhecimento e redistribuição. O primeiro termo abrange questões como a busca de respeito e o combate a discriminações de ordem cultural. Todas As lutas políticas, segundo Axel Honneth, visam, em última instância, à busca da dignidade em forma de reconhecimento.

O segundo termo envolve questões ligadas à desigualdade econômica associada ao modelo neoliberal. Para Nancy Fraser, a emancipação deve lidar necessariamente com ambas as dimensões, até porque a opressão contra os pobres está muitas vezes relacionada àquela contra as mulheres e pessoas negras, por exemplo.

A Escola de Frankfurt, portanto, contribuiu com debates dos mais decisivos na formação do mundo contemporâneo. Por isso, conhecer os seus autores e autoras é fundamental para compreender e criticar nosso mundo.

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Enem: quais autores nacionais mais caem na prova? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/03/16/enem-quais-autores-nacionais-mais-caem-na-prova/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/03/16/enem-quais-autores-nacionais-mais-caem-na-prova/#respond Thu, 16 Mar 2023 17:37:21 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2934 *Por Henrique Balbi, professor do Anglo Vestibulares

Um rápido levantamento dos autores de literatura brasileira mais citados no Enem não surpreende. Nas últimas cinco provas, de 2018 a 2022, o campeão de frequência foi Machado de Assis (5 questões), com Clarice Lispector e Guimarães Rosa fechando o pódio, empatados em segundo (3 questões cada). Velhos conhecidos dos estudantes, pontos incontornáveis de qualquer curso sério de literatura.

Dá para entender por que o Enem gosta tanto deles. Além de terem produzido obras-primas, os três autores oferecem muitas abordagens possíveis. São versáteis.

Pensando no nível da apreensão, isto é, da superfície textual (palavras, frases, progressão, coesão e coerência), eles têm estilos muito característicos, inimitáveis, que desafiam a capacidade de leitura de estudantes, e a recompensam. Criaram obras variadas, com romances, contos e crônicas, o que os torna uma boa base para perguntas de gramática, de entendimento de texto e, claro, de literatura.

Já no nível da compreensão, de como o texto mobiliza o repertório e se liga ao mundo, são autores imbatíveis. Entre seus temas frequentes, encontramos as relações de poder, de gênero, de classe, os labirintos das emoções humanas, tudo isso sempre com sutileza – outro exercício de decifração, que pode ser trabalhosa, mas distingue estudantes atentos e preparados. A partir de Machado, Clarice e Rosa, seria possível fazer um raio X do Brasil. Tanto passado quanto presente, e com certeza futuro. Talvez o alcance vá além das nossas fronteiras, pois esses autores investigam, no fundo, o que nos faz humanos.

O pódio de mais citados está bem nítido, mas as posições seguintes mostram maior variação. Enquanto quase todos os autores aparecem apenas uma vez ao longo de cinco anos de provas, há um grupo restrito e heterogêneo que chega a duas menções. Na mesma linha de Machado, Clarice e Rosa ou seja, medalhões que oferecem muitos ângulos de abordagem, também podemos mencionar Lima Barreto e Graciliano Ramos (prosa), junto com Hilda Hilst e Manoel de Barros (poesia). Objeto de muitas teses e artigos acadêmicos, eles “transbordam” para o Enem, bem onde estão futuros candidatos às mesmas universidades que os estudam.

Mas nem só de vacas sagradas, que habitam o Olimpo da literatura brasileira, vive a prova. O Enem cobra vários autores contemporâneos, ainda produtivos. Foram assunto de duas questões, cada um, escritores como Luís Fernando Verissimo, Ivan Ângelo e Antonio Prata (principalmente cronistas), sem contar o inescapável Chico Buarque. Talvez seja o caso mais interessante entre eles, por aparecer tanto com sua literatura em prosa quanto em versos de música.

De novo, não chega a surpreender. A lista de autores desenha o perfil de estudante que a prova quer valorizar: boa capacidade de leitura; familiaridade com diversos gêneros e linguagens; conhecimento da tradição; atenção ao presente. O melhor é que treinar tudo isso não tem nenhum mistério. Basta abrir um livro de qualquer um desses nomes – e quem sabe se apaixonar por eles.

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Seis documentários para entender melhor os conflitos ao redor do mundo http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/03/09/seis-documentarios-para-entender-melhor-os-conflitos-ao-redor-do-mundo/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/03/09/seis-documentarios-para-entender-melhor-os-conflitos-ao-redor-do-mundo/#respond Thu, 09 Mar 2023 18:12:46 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2928 *Por Gianpaolo Dorigo, professor do Anglo Vestibulares

O conflito na Ucrânia é talvez o mais grave ocorrido desde o final da Guerra Fria, por se manifestar como uma guerra convencional em larga escala entre estados-nação soberanos e participantes da ordem política internacional. Os antecedentes do conflito, bem como sua continuação após um ano – e sem previsão realista de paz num futuro próximo – têm dado origem a uma série de documentários facilmente acessíveis através das mais populares plataformas de streaming.

É o caso de “Winter on Fire” (2014, Netflix), que trata da crise política de 2013/2014 no país, quando uma grande mobilização popular pró-União Europeia acabou levando a renúncia do presidente Viktor Yanukovich, pró-russo. As chamadas manifestações da praça Maidan marcaram a guinada do governo ucraniano de Leste para Oeste e contaram com a participação de grupos de extrema direita.  Como represália, o governo Putin desencadeou a anexação da Criméia e apoiou o separatismo na região de Donbass, movimentos que culminaram com a invasão de 2022.

Já o documentário “Abrigo: inocentes sob ataque” (2022, GloboPlay) mostra o impacto da guerra no cotidiano, da população da Ucrânia. Uma guerra convencional envolve a mobilização de grandes exércitos regulares, e mobiliza um poder destrutivo muito grande, através de seus tanques, mísseis, aviões e navios de guerra. Os efeitos são devastadores na população, ainda mais que os combates muitas vezes se desenvolvem em áreas urbanas, e resultam em massacres como o da cidade de Bucha, mostrado no documentário.

O prosseguimento da guerra civil na Síria, iniciada em 2011 no contexto da Primavera Árabe, deu origem a inúmeros documentários, que explicam e testemunham o conflito.  Um exemplo significativo, realizado pelo fotógrafo e produtor independente brasileiro Gabriel Chaim é “Síria em fuga” (2015, GloboPlay) focado na população civil e com uma abordagem muito semelhante ao de “Abrigo”, também produzido por Chaim. O documentário foi um dos finalistas do prêmio Emmy de 2016.

The Cave” (2020, National Geographic) mostra o funcionamento de um hospital subterrâneo na cidade de Ghoutta, no leste da Síria. O documentário foi dirigido pelo cineasta sírio Feras Fayyad, e foi indicado ao prêmio Oscar de 2020. Assim como em “Síria em fuga”, as preocupações didáticas em explicar o conflito ficam em segundo plano, mas a força das imagens ajuda a ter uma visão mais realista do conflito.

A questão Palestina tem dado origem a inúmeros filmes e documentários nas últimas décadas, e uma das melhores produções recentes é “Disturbing the Peace” (2020, Amazon Prime). O documentário mostra os dois lados do conflito, contando a história de um grupo pacifista formado por israelenses e palestinos, quase todos ex-combatentes na guerra permanente existente na região. Já “Nascido em Gaza” (2014, Netflix) examina a questão de Gaza, pequeno enclave costeiro entre Israel e Egito onde se acumulam aproximadamente 600 mil habitantes.  No documentário, um grupo de crianças convive com a violência dos ataques israelenses contra bases ou arsenais de terroristas e supostos terroristas na região.

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Segundas fases: principais erros durante a preparação http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/01/05/segundas-fases-principais-erros-durante-a-preparacao/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2023/01/05/segundas-fases-principais-erros-durante-a-preparacao/#respond Thu, 05 Jan 2023 19:56:38 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2922 *Por Heitor Ribeiro, professor do Anglo Vestibulares

As provas de segunda fase são conhecidas por exigirem mais dos estudantes, não apenas em conteúdo, mas em habilidade também. O candidato que fará esse tipo de exame precisa fugir de alguns erros. Os principais são:

Desconhecimento sobre a prova

É muito importante para o candidato saber que o exame de segunda fase é diferente do primeiro, seja pela duração da prova, o nível de dificuldade, o tipo de questões ou mesmo as matérias cobradas. Para isso, é fundamental ler o edital e treinar provas antigas.

Não se atentar aos comandos das questões

Os comandos das questões são muito importantes. É essencial que o estudante responda o que for pedido. Os comandos explicativos e analíticos são mais complexos do que os descritivos ou enumerativos, por exemplo. Saber as diferenças entre citar, caracterizar e explicar é fundamental para que o candidato não perca tempo e consiga responder corretamente.

Não redigir as respostas no espaço designado

Muitos alunos, ao lidarem com questões discursivas de provas de segunda fase, acabam não se preocupando em treinar o espaço da resposta. É importante o candidato que vai a um vestibular dissertativo estabelecer o hábito de redigir questões no espaço designado e, caso a prova dele seja manuscrita, passar as respostas à mão.

Simular respostas no espaço de rascunhos

Diversos estudantes acreditam que o espaço de rascunho em provas de segunda fase é para a simulação de respostas. Porém, a orientação das bancas é que esse espaço seja destinado a ideias chaves, contas mais complexas e não uma simulação da resposta final, uma vez que o esboço consome uma grande quantidade de tempo e isso pode prejudicar o aluno.

Não treinar redação ou não reservar um tempo adequado a ela

A matéria mais importante do vestibular é a redação, que é comumente cobrada nas segundas fases dos exames. É extremamente importante que o estudante treine redação nos modelos que a banca examinadora cobra e reserve um tempo adequado a ela.

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Dicas e estratégias para a segunda fase dos vestibulares http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/12/27/dicas-e-estrategias-para-a-segunda-fase-dos-vestibulares/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/12/27/dicas-e-estrategias-para-a-segunda-fase-dos-vestibulares/#respond Tue, 27 Dec 2022 18:27:05 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2910 *Por Rodney Brasil Luzio, professor do Anglo Vestibulares

                A segunda fase de alguns dos principais vestibulares do país possui a prova no modelo dissertativo, ou seja, a resolução das questões exige que os candidatos mostrem a forma pela qual chegaram aos resultados apresentados. Muitas vezes, representar o raciocínio empregado pode ser um desafio e comprometer a pontuação a que se deseja chegar.

Independentemente do componente curricular da prova, deve-se tomar um cuidado especial ao comando da questão. Em Matemática, por exemplo, apesar da maioria das questões girarem em torno da tríade “resolva-determine-calcule”, alguns comandos não habituais aparecem, como prove, mostre, represente, construa, justifique, entre outros.

A ideia da representação permeia uma avaliação dissertativa em Matemática. É por meio dela que o candidato expressa o raciocínio lógico empregado para a resolução da questão. Representar pode ser feito, por exemplo, utilizando–se uma tabela, um gráfico, uma figura geométrica, um “diagrama de Venn” ou um “diagrama de árvore”. Muitas vezes, o simbolismo matemático empregado numa representação é mais claro que uma justificativa escrita.

Não é aconselhável minimizar demais uma resolução de forma que as indicações do racicínio (as contas) não consigam dar a dimensão exata ao examinador das justificativas necessárias para a comprovação do resultado. Uma modelagem algébrica, por exemplo, é muito mais eficaz; no entanto, na falta dela, explique (disserte, sem exageros), o que você pensou.

Uma característica das provas de Matemática da segunda fase é a mistura de assuntos. É muito comum uma mesma questão abordar geometria plana, espacial e trigonometria; ou questões de funções associadas às equações polinomiais; e a clássica dupla combinatória-probabilidade sempre está presente. O encadeamento entre os itens, caso existam, é outro fator a ser considerado. Em muitos casos, há uma progressão no grau de dificuldade entre eles e, em casos mais extremos, cada item aborda assuntos distintos, ou seja, independentes entre si.

Outro cuidado essencial é na organização da resolução no caderno de respostas. Respeite o espaço indicado e mostre cuidadosamente ao examinador clareza e linearidade no raciocínio. Por fim, além das dicas “técnicas” e específicas, sempre vale lembrar os cuidados que se deve ter em qualquer exame:

– durma bem na véspera da prova;

– alimente-se adequadamente;

– evite deixar questões sem resposta. Atente-se às unidades de medida!

– faça pausas estratégicas. A questão do tempo, tão importante na 1ª fase, aqui possui outra dimensão;

– leia a prova, elenque as questões mais fáceis e comece por elas. Essa atitude fortalece a sua confiança para encarar os exercícios mais difíceis;

– confie na sua preparação.

Boas provas!

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Como o Iluminismo impactou a sociedade moderna? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/12/15/como-o-iluminismo-impactou-a-sociedade-moderna/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/12/15/como-o-iluminismo-impactou-a-sociedade-moderna/#respond Thu, 15 Dec 2022 21:09:06 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2905 *Por Gianpaolo Dorigo, professor do Anglo Vestibulares

Talvez fosse melhor começarmos a reflexão mudando a pergunta para “Como o Iluminismo criou a sociedade moderna?” Um ponto de partida para buscarmos uma resposta poderia ser o texto de Kant, de 1784, “O que é Iluminismo?” Nele o filósofo alemão anuncia o projeto das luzes: dar autonomia ao ser humano, livrando-o ao mesmo tempo do pensamento dogmático e dos poderes exercidos “pelo trono e pelo altar”, isto é, pelos poderes político e religioso. Isto significa reconhecer a razão como única guia para a ação dos seres humanos, tanto no que se refere ao entendimento do mundo quanto às escolhas políticas.

Do primeiro caso, resulta a preponderância do conhecimento científico como guia mais adequado para orientar a ação do ser humano, sobretudo no trato com a natureza. Mitos, crendices ou a simples tradição perdem importância diante de um saber rigoroso e metódico, submetido à constante checagem e revisão crítica. Do terraplanismo à interpretação literal de textos religiosos, do horóscopo ao poder político hereditário, nada escapa ao olhar feroz da razão que promete emancipar o ser humano, livrando-o do charlatanismo e da superstição, colocando-o no caminho do progresso.

Do segundo caso, a filosofia política iluminista desenvolveu todo um projeto que resulta na afirmação de uma cidadania universal e da concepção de um estado soberano que representa os cidadãos e cujo pode se exerce em seu benefício. São herança da tradição iluminista as práticas políticas liberais, que resultaram no resgate e ressignificação de conceitos antigos como Democracia ou República, reinstituídos sob nova forma, valorizando-se eleições, constituição escrita, liberdade de expressão e separação de poderes (como forma de evitar o autoritarismo). A própria crítica ao liberalismo, que historicamente se apresentou sob a forma do marxismo, segue o projeto iluminista de busca de emancipação e de uma solução fundada em princípios racionais.

Todavia, há um impacto negativo da tradição iluminista. A construção da autonomia por cada ser humano – e o individualismo daí decorrente – gera situação de abandono ou não-pertencimento. Como resultado, busca-se a constituição de novos laços de comunidade, o que facilita a ascensão de discursos populistas que prometem o retorno a um passado mais seguro ou protegido. O saber torna-se pragmático, visto como simples meio para atingir objetivos materiais, por exemplo, através da destruição da natureza para usufruto humano. O saber pragmático esvazia o pensamento crítico, o que resulta em perguntas que ouvimos com tanta frequência nos dias de hoje: para que serve a Filosofia? Para que serve a História?

Finalmente, o Iluminismo e sua promessa de emancipação acabaram por “desencantar” o mundo. Sem espaço para o mistério – diante do discurso ininterrupto de uma razão que tudo explica – novas perguntas deixam de ser feitas. O Iluminismo acaba se transformando em seu contrário, no mito: promete uma explicação abrangente e definitiva do universo, mas que nunca dá conta de entender novos acontecimentos. Nas palavras do filósofo alemão Theodor Adorno, em texto de 1948, surpreendentemente atual: “Abandonando a seus inimigos a reflexão sobre o elemento destrutivo do progresso, o pensamento cegamente pragmatizado perde seu caráter superador e, por isso, também sua relação com a verdade. A disposição enigmática das massas educadas tecnologicamente a deixar dominar-se pelo fascínio de um despotismo qualquer, sua afinidade autodestrutiva com a paranoia racista, todo esse absurdo incompreendido manifesta a fraqueza do poder de compreensão do pensamento teórico atual”

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Efeito estufa: o que é e como cai nos vestibulares? http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/12/08/efeito-estufa-o-que-e-e-como-cai-nos-vestibulares/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/12/08/efeito-estufa-o-que-e-e-como-cai-nos-vestibulares/#respond Thu, 08 Dec 2022 19:56:53 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2899  Por Sebastian Alvarado Fuentes, professor do Anglo Vestibulares

Em quase todas as discussões sobre as mudanças climáticas, o efeito estufa aparece como o grande vilão a ser combatido, levando à errônea impressão de que esse efeito deveria ser “erradicado” para a manutenção da vida na Terra.

Mas, então, o que é o efeito estufa e quem é o grande vilão?

Antes de qualquer análise, é importante relembrar que a temperatura média da nossa atmosfera é o resultado de um delicado equilíbrio entre a energia proveniente dos raios solares que atingem o nosso planeta, em parte retidos pelos gases do efeito estufa (GEE), e a quantidade dessa energia que é “devolvida” para o espaço. Qualquer desequilíbrio nesse balanço energético pode provocar um resfriamento ou aquecimento do nosso planeta Terra. O que chamamos de efeito estufa é a retenção dessa energia por parte de alguns gases, tais como: dióxido de carbono (CO2); metano (CH4); óxido nitroso (N2O) e vapor de água (H2O), possibilitando que parte da energia do sol seja aproveitada por nós.

Vale ressaltar que o efeito estufa é um fenômeno natural e que sem ele as temperaturas na atmosfera terrestre se tornariam permanentemente negativas (aproximadamente -20°C), impossibilitando, assim, a vida como nós a conhecemos.

Fonte: Material do Sistema Anglo de Ensino — Coleção Alfa

Agora que entendemos o funcionamento e a importância do efeito estufa para a manutenção da vida na terra, podemos argumentar que o problema está no desequilíbrio do fenômeno, que atualmente consiste no aumento da emissão de GEE e, consequentemente, na maior retenção da radiação e no aumento da temperatura média da nossa atmosfera. Esse atual fenômeno de desequilíbrio é o que chamamos de aquecimento global ou de mudanças climáticas. Após diversas pesquisas científicas, pudemos relacionar a sua causa às interações antrópicas não sustentáveis que o ser humano tem tido com a natureza, principalmente após a 1ª Revolução Industrial.

A maior emissão de CO2 (com o aumento do uso de combustíveis fósseis), a mudança no uso do solo (áreas de vegetação original que são desmatadas para darem lugar a áreas de lavoura e/ou pasto com menor retenção de CO2 da atmosfera), queimadas (para realizar a mudança no uso do solo), a intensa atividade industrial, a demora na transição energética para uma matriz sustentável e diversos outras ações antrópicas lideram a causa do agravamento do efeito estufa, ou seja, do aquecimento global.

E nos vestibulares?

Com os vestibulares cada vez mais atuais e críticos, o fenômeno do efeito estufa e o aquecimento global se tornaram temas presentes em quase todos os vestibulares. Questões de física, química e geografia são as que mais frequentemente abordam o assunto, sempre incitando o candidato a refletir sobre o que é o efeito estufa, os seus efeitos no dia a dia e nas questões socioeconômicas e políticas. Também exigem que o aluno tenha plena noção do papel de cada um nas mudanças climáticas e do Brasil, que tem apresentado um assustador aumento da incidência de queimadas, além da redução dos meios de fiscalização e de combate ao desmatamento ilegal.

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Matemática: estratégias importantes para a primeira fase do vestibular http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/23/matematica-estrategias-importantes-para-a-primeira-fase-do-vestibular/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/23/matematica-estrategias-importantes-para-a-primeira-fase-do-vestibular/#respond Wed, 23 Nov 2022 18:25:12 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2863 *Por Cícero Thiago Bernardino Magalhães, professor do Anglo Vestibulares

Estamos em uma contagem regressiva de tempo para as provas dos principais vestibulares do nosso país.  Nesse período, o nível de ansiedade e tensão dos alunos cresce quase que exponencialmente e uma das perguntas que mais escuto dos meus alunos é: “o que fazer nessa reta final de estudos”? Minha resposta está conectada com uma frase que sempre digo nas aulas: “as ideias se repetem”.

A partir disso, minha sugestão é que os alunos resolvam as questões dos 10 últimos anos dos concursos que irão participar. A conexão da minha sugestão com a frase que cito em minhas aulas pode ser ilustrada nas duas questões de provas antigas da FUVEST que apresentarei a seguir:

 

(Fuvest 2022)  Os funcionários de um salão de beleza compraram um presente no valor de R$ 200,00 para a recepcionista do estabelecimento. No momento da divisão igualitária do valor, dois deles desistiram de participar e, por causa disso, cada pessoa que ficou no grupo precisou pagar R$ 5,00 a mais que a quantia originalmente prevista. O valor pago por pessoa que permaneceu na divisão do custo do presente foi:

  1. a) R$ 10,00 b) R$ 15,00   c) R$ 20,00   d) R$ 25,00   e) R$ 40,00   Resposta: D

 

(Fuvest 2013)  Um empreiteiro contratou um serviço com um grupo de trabalhadores pelo valor de R$ 10.800,00 a serem igualmente divididos entre eles. Como três desistiram do trabalho, o valor contratado foi dividido igualmente entre os demais. Assim, o empreiteiro pagou, a cada um dos trabalhadores que realizaram o serviço, R$ 600,00 além do combinado no acordo original.

  1. a) Quantos trabalhadores realizaram o serviço?
  2. b) Quanto recebeu cada um deles?

Resposta: (a) 6  (b) 1800 reais

 

Essas duas questões apresentam exatamente a mesma ideia em suas respectivas resoluções. Em aulas sou até mais ousado em dizer que as questões são IGUAIS! Poderia, inclusive, apresentar três outras questões com, exatamente, a mesma ideia e que foram propostas em concursos diferentes, como no vestibular da UNESP, em um período menor que 10 anos. Por fim, quando chegar a semana que antecede as provas que irão participar, eu sugiro que os alunos apenas leiam resoluções de questões antigas, com o intuito de aumentar seu leque de ideias e não baixar a autoestima com um possível não acerto de alguma questão.

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Dia da Consciência Negra (20/11) http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/18/dia-da-consciencia-negra-20-11/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/18/dia-da-consciencia-negra-20-11/#respond Fri, 18 Nov 2022 20:27:09 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2884 *Por Aline Pereira, professora do Anglo Vestibulares

O feriado de 20 de novembro foi criado para comemorar o Dia da Consciência Negra. Nessa data, em 1695, Zumbi dos Palmares, ícone de resistência contra a escravidão, foi morto. Mas o feriado só foi oficializado em 2011, 316 anos após a morte de Zumbi e 123 anos após a abolição da escravidão. Ressalte-se ainda que, desde 1971, a data já era usada como símbolo de resistência e luta por direitos, ou seja, até a sua oficialização passaram-se 40 anos. A que se deve tamanho intervalo entre esses acontecimentos?

A partir da dominação portuguesa na costa africana, a escravidão ganha um novo significado, pois se torna um negócio intercontinental a partir do qual milhões de pessoas são levadas de África para serem escravizadas. A escravidão já existia em  África, mas era resultante sobretudo de guerras e disputas por poder, sendo voltada a demandas internas, como trabalho doméstico e nas minas de ouro. Não havia um comércio de escravos como o implantado pelos europeus.

Trazidas à colônia, tais pessoas passavam por um processo de desumanização e, aos olhos dos colonizadores, tornavam-se objetos. Assim, uma pessoa poderia ser separada de sua família, negociada, transportada em condições precárias, ter o nome mudado e ser castigada. Os que conseguiam sobreviver a esse horror estabeleciam laços de identificação e resistência. Identificação por entenderem que, mesmo sendo de diferentes etnias, partilhavam de igual condição. Resistência porque, uma vez se identificando, passavam a lutar contra a escravidão de vários modos, desde a compra de alforrias até a organização de fugas e quilombos.

Um dos maiores focos de luta foi o Quilombo dos Palmares, um conglomerado de mocambos (refúgios) que se uniram sob a liderança de Zumbi, líder do maior dos mocambos, o de Macaco. Zumbi foi feito líder de Palmares em 1678 e assim permaneceu até a morte. Localizado na Serra da Barriga, no atual estado da Alagoas, o quilombo foi fundado em 1597 por escravos fugidos e resistiu a tentativas de destruição por quase um século. Sob a liderança de Zumbi, a resistência da população de Palmares se fortaleceu e acabou incomodando ainda mais as elites, que enviaram diversas expedições para destruí-lo. Durante as batalhas, destaca-se, além da atuação de Zumbi, a de sua companheira, Dandara, e de outros guerreiros, que preferiram morrer lutando a voltar para o cativeiro.

Após décadas de resistência, um exército liderado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho invadiu e destruiu diversos mocambos, em novembro de 1695. Na ocasião, Zumbi e alguns companheiros escaparam. Organizavam-se para voltar à luta quando o líder foi capturado e morto, em 20 de novembro de 1695.

Até que, em 13 de maio de 1888, a escravidão é abolida. Desejar que apenas essa data seja celebrada é ignorar toda a luta anterior. É ignorar que, àquela altura, o número de escravizados estava bem reduzido e a escravidão já havia sido abolida em alguns locais, como na província do Ceará, que o fez em março de 1884. É ignorar, por fim, os jovens que, a partir de 1971, em plena Ditadura, passaram a reivindicar que 20 de novembro fosse celebrado como um marco da resistência da população negra à escravidão; uma data que serviria para motivar reflexões sobre as consequências de 300 anos de escravidão.

Respondeu-se assim à questão inicial sobre a demora da oficialização do 20 de novembro. Em síntese, o protagonismo da população negra e de abolicionistas foi ofuscado por pessoas que, a exemplo da Princesa Isabel, possuíam uma posição privilegiada e eram tidas como responsáveis exclusivas pela abolição.

O ideal é que reflexões sobre o Dia da Consciência Negra ocorram sempre e levem a ações de inclusão e reparação, bem como a medidas que responsabilizem e punam indivíduos que insistem em perpetuar o racismo e os crimes que dele nascem.

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Os sociólogos brasileiros mais conhecidos e suas teorias http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/03/os-sociologos-brasileiros-mais-conhecidos-e-suas-teorias/ http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2022/11/03/os-sociologos-brasileiros-mais-conhecidos-e-suas-teorias/#respond Thu, 03 Nov 2022 21:31:15 +0000 http://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/?p=2880 *Por Rene Araújo, professor do Anglo Vestibulares

O Brasil apresenta inúmeras contradições e complexidades, decorrentes da sua formação social, histórica, cultural, política e econômica. Vivemos em um país que necessita de análises, pesquisas, estudos e reflexões constantes, devido a sua formação social e toda a dinâmica e organização que o constitui. Diante desse cenário, muitos cientistas sociais dedicaram suas vidas à tentativa de compreender, decifrar e traduzir esse país. E conhecer alguns deles não só é importante, como também é necessário para que, a partir de suas obras, possamos buscar entender melhor a nós mesmo.

Um dos intelectuais mais conhecidos é o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, autor de uma vasta obra sobre a formação da sociedade brasileira. Seu livro mais famoso é o clássico Casa-Grande e Senzala, onde o autor condena as ideias puristas de raça, que atribuíam o atraso brasileiro à miscigenação. Freyre, ao contrário, vai destacar a miscigenação como sendo a nossa principal característica, responsável pela nossa riqueza cultural, valorizando a contribuição indígena e africana para a nossa formação cultural. Porém, esse livro exige uma leitura crítica, pois contribuiu para a falsa ideia de que haveria uma democracia racial no Brasil, ideia responsável por alimentar discursos de que não existiria racismo no Brasil.

Outro nome importante é o de Sérgio Buarque de Holanda, apesar de ter formação em história, os escritos do autor ajudaram no desenvolvimento de diversos estudos sociológicos sobre a sociedade brasileira. Sua obra mais conhecida é Raízes do Brasil, livro em que o autor trata da formação social brasileira e apresenta a ideia do “homem cordial” e de como a pessoalidade prevalece sobre a impessoalidade nas relações sociais, o que acabaria por dificultar a modernização democrática do Estado brasileiro e a manutenção de práticas patrimonialistas.

E pensar a sociologia no Brasil é pensar a obra de Florestan Fernandes, autor de inúmeros livros que buscaram refletir criticamente a realidade brasileira e o papel da sociologia diante desse cenário. Destaque para os estudos acerca da desigualdade social e racial no país, cuja obra do sociólogo teve contribuição central sobre esses assuntos e influência sobre vários outros autores. Discípulos de Florestan, podemos incluir aqui também os sociólogos Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso, cujas obras abordam o desenvolvimento econômico e social, a teoria da dependência, o preconceito racial no brasil, e política e relações internacionais.

Outra figura muito conhecida é o antropólogo e sociólogo Darcy Ribeiro, responsável por inúmeras etnografias dos povos indígenas do Brasil, Ribeiro também teve grande atuação no projeto do Parque Nacional do Xingu e na construção da UNB. Autor de uma vasta obra, vale destacar o livro O povo brasileiro, onde o autor apresenta a sua interpretação sobre a nossa formação e composição étnica e cultural.

Autor de grande relevância da sociologia brasileira nos dias atuais, Ricardo Antunes é um dos principais estudiosos do mundo do trabalho contemporâneo e sua organização no Brasil. Partindo da teoria marxista, o sociólogo tem apresentado as contradições e precarizações que caracterizam o mercado de trabalho da classe trabalhadora no país.

Por fim, nos últimos anos, as análises sociológicas de Jessé Souza têm ganhado muito espaço no debate acadêmico e público. Obras como A elite do atraso e Brasil dos humilhados, apresentam uma leitura crítica sobre as ideias que fundaram e legitimaram as interpretações hegemônicas sobre o Brasil, a serviço das elites e em detrimento da exploração da “ralé”, como diz o autor.

Enfim, em um país como o nosso, não faltam tentativas de explicar a nossa realidade e os problemas que a constituem, assim como a nossa diversidade étnica-cultural e todos os componentes que marcam nossa identidade nacional. Portanto, a sociologia brasileira se desenvolveu ao longo das últimas décadas através das obras desses e de tantos outros pensadores fundamentais para se compreender nossa sociedade.

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