30 anos do fim da Guerra do Golfo
Por Sebastian Fuentes, professor do Anglo Vestibulares
Não é novidade nenhuma a importância estratégica do Oriente Médio em relação às enormes reservas de petróleo e a enorme tensão que a região vivencia desde os primórdios de sua formação política. No entanto, foi apenas em 1991, com o fim da Guerra da Golfo, que a presença militar estrangeira, principalmente estadunidense, passou a ser notória e decisiva na geopolítica desse espaço.
Logo no início da década de 1980, o Iraque, liderado por Saddam Hussein, iniciou uma guerra com o seu vizinho Irã. O conflito, mais conhecido como Guerra Irã e Iraque, teve como motivação as ambições econômicas e territoriais iraquianas, além do enorme receio de que a revolução iraniana ultrapassasse a fronteira. Após 8 anos de conflito, mesmo com o apoio indireto dos EUA, o Iraque não obteve a esmagadora vitória que almejava e terminou com uma economia fragilizada e altamente endividada (principalmente com o Kuwait e Emirados Árabes Unidos).
Saddam Hussein, acuado pela crise econômica e os baixos preços do petróleo resolve redirecionar as suas tropas para o Kuwait e, no fim de 1990, inicia a invasão ao seu vizinho do sul, alegando direito histórico e resposta à suposta exploração indevida de petróleo. A anexação do Kuwait, o fim da dívida com o país e a incorporação das enormes jazidas de petróleo elevariam a relevância da economia iraquiana e a possibilidade de uma maior interferência na precificação do valor do barril do petróleo. Vale ressaltar que, na época, o Kuwait era detentor de grande parcela das reservas de petróleo do mundo.
Diante da rapidez da invasão iraquiana, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu em caráter emergencial e aprovou por unanimidade sanções econômicas contra Saddam Hussein e a libertação do Kuwait "por quaisquer meios" se o Iraque não o desocupasse até meados de janeiro de 1991. Com todas as medidas diplomáticas esvaziadas, em 17/01/1991 iniciou-se a famosa Operação Tempestade no Deserto, liderada pelos Estados Unidos, em que tropas de mais de 30 países bombardearam pontos estratégicos iraquianos e, em 100 horas de combate, destruíram diversos pontos estratégicos do invasor, demonstrando a força da coalizão contra Hussein.
A derrota oficial do Iraque ocorreu ao final de fevereiro de 1991, quando um acordo de cessar-fogo unilateral foi assinado por Hussein e todas as tropas invasoras se retiraram do Kuwait, mas não sem antes queimar mais de 700 poços de petróleo — que queimaram por 8 meses — no decorrer da sua fuga, causando uma enorme catástrofe ambiental e dificultando a recuperação econômica do Kuwait.
A Guerra do Golfo durou poucos dias entre 1990 e 1991, mas deu início a uma maior intervenção estrangeira no Oriente Médio. Os EUA e o Conselho de Segurança da ONU não interferiram na região por respeito aos Direitos Humanos ou em prol da liberdade, mas por perceberem uma intervenção que pudesse atrapalhar os interesses ocidentais no petróleo da região. Desde então, aliado ao desmantelamento da URSS, os Estados Unidos passaram a influenciar e ocupar militarmente a porção mais rica em petróleo do mundo. Vale lembrar que atualmente os EUA possuem diversas bases militares espalhadas pelo Oriente Médio e que, em 2003, sob acusações infundadas de posse de armas de destruição em massa, os EUA invadiram o Iraque pela segunda vez. Essa invasão, todavia, não foi finalizada e culminou no enforcamento de Saddam Hussein, em 2006.
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