Entre lives e calls: o estrangeirismo no dia a dia
Por Maurício Pierucci, professor do Anglo Vestibulares
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat
Assim Zeca Baleiro inicia o seu "Samba do Approach", criando um jogo de palavras estrangeiras que vêm sendo incorporadas ao nosso vocabulário cada dia mais. A música traz consigo a influência estrangeira, principalmente do inglês, sobre nossa língua – consequência da globalização e da abertura de nosso país à cultura (filmes, músicas, etc.) norte-americana. A esse fenômeno damos o nome de anglicismo, que é o usado para classificar aquelas palavras do inglês que utilizamos em nosso idioma. Anglicismo é uma derivação de anglo, elemento de composição de adjetivos que significam inglês.
Embora o termo pareça novo para alguns, fatores como o surgimento de novas tecnologias e suas atualizações, sua função linguística e o avanço da Inglês como uma língua franca (tomada como língua comum de grupos sociais que falam, cada um, uma língua diferente dos outros) perpetuaram o anglicismo na nossa Língua Portuguesa. Há um sem-número de anglicismos presentes em nosso idioma: desde air-bag, check in, cupcake, fast-food até internet, site, home page e mouse. Alguns ouvem música gospel; outros preferem jazz. Shopping-Centers fazem anúncios de seus slogans em outdoors. Amigos pedem que se enviem links pelo Whatsapp. Pessoas vão até o trailer da esquina para um delicioso hot-dog.
No contexto da pandemia, novas palavras de origem inglesa tornaram-se ainda mais comuns. "Os colaboradores irão trabalhar em home-office a partir de agora e solicitou-se que estejam online durante as horas de trabalho." "O professor fará uma live." "Teremos um call às 11h." "Cuidado com as Fake News sobre o Coronavírus." "O professor de sociologia vai fazer um hangout sobre o movimento Black Lives Matter."
O empréstimo de vocábulos da língua de Shakespeare em nossa sociedade atual parece inevitável e sem fim. Em geral, os brasileiros são anglicistas de carteirinha. Fazem uso do anglicismo como se os vocábulos fossem da Língua Portuguesa. E foi Zeca Baleiro, já no ano de 1999, que nos alertou para esse fenômeno.
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