Qual a gramática correta? Veja como acertar na hora de escrever
As mais diversas pessoas, cientes de que sou professor de língua portuguesa, procuram-me para sanar pequenas dúvidas. Vou tratar aqui de algumas muito frequentes. Quando se escreve "mal" com "l"? Quando com "u"? Em que circunstâncias "senão" se escreve separado? Como saber se há crase? Esse texto busca responder a essas perguntas com regras práticas, úteis para o trabalho cotidiano com a escrita.
1) Mal x mau
Esse é muito simples. Basta lembrar que "mal" é o contrário de "bem" e "mau" é o contrário de "bom". A troca permite verificar qual é a forma correta. Façamos um teste: estaria certa a frase "Carlos é mau, não me surpreende que faça o mal"? Para averiguar, basta fazer a substituição: "Carlos é bom, não me surpreende que faça o bem". Podemos concluir que a frase está correta, uma vez que "bom" e "bem" substituíram com êxito as formas "mau" e "mal", respectivamente.
2) Senão x se não
Outra dúvida muito frequente é quando escrever "senão" junto ou separado. "Senão" é sinônimo de "do contrário", já "se não" é sinônimo de "caso não". Por exemplo, a frase "venha logo, senão atrasaremos" equivale a "venha logo, do contrário atrasaremos", escreve-se, então, junto. Já na frase "Se não vier logo, atrasaremos", deve-se escrever separado, como se confirma pela substituição: "Caso não venha logo, atrasaremos".
3) Uso do acento indicador de crase: "Voltei à praia da minha infância" ou "Voltei a praia da minha infância"?
Muitos têm dúvida quanto ao uso do acento grave, indicador de crase. Esse caso é um pouco mais complexo do que os anteriores, abordá-lo de forma completa demandaria um espaço incompatível com esse texto. De qualquer forma, há uma regra prática que dá conta da grande maioria das situações. Como esse fenômeno envolve a fusão de uma preposição "a" e de um artigo feminino "a", decorre desse princípio que só há crase antes de palavra feminina, capaz de aceitar o artigo "a". Para ter certeza, basta trocar o substantivo feminino por um masculino. Se com a palavra masculina surgir "ao" (preposição "a" + artigo "o"), isso significa que, com a feminina, haverá crase.
Analisemos as frases do subtítulo, trocando a palavra "praia" por "parque". Com o masculino, teríamos: "Voltei ao parque da minha infância", o que nos permite concluir que o correto é "Voltei à praia da minha infância". Surgiu "ao", há crase.
Examinemos outro caso: "Contemplei a casa da minha infância" ou "contemplei à casa da minha infância"? Com um substantivo masculino, teríamos: "contemplei o jardim da minha infância". Se com a troca pelo masculino não surgiu "ao", então não há crase, e o correto é "contemplei a casa da minha infância".
É isso, por hoje. Espero que as dicas tenham sido úteis e facilitem um pouco o trato diário com a língua portuguesa. Até!
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