Como interpretar obras de arte no ENEM e Vestibulares
*Por Eduardo Duique e Maurício Soares
Interpretar pinturas, esculturas, obras arquitetônicas e arte visuais em geral, depende de saber ler aspectos visíveis e associá-los ao contexto em que foram produzidos. Para tanto, uma aproximação interdisciplinar é fundamental. Conhecer os conteúdos tradicionais de História, Literatura e outras disciplinas, como o Renascimento ou o Modernismo, por exemplo, faz toda a diferença na hora de interpretar uma obra de arte.
Ao enfrentar uma questão que se utiliza de uma imagem deve-se perguntar: o que é possível reconhecer nesta obra, considerando seus aspectos visuais? Em que contexto histórico ela foi produzida? Quais as possíveis dimensões ou funções que a obra pode assumir na sociedade? Como essas informações contribuem para a construção do discurso desenvolvido pelo artista?
Começando a análise pelos aspectos visuais, é importante definir: qual o assunto geral ou o tema específico apresentado na obra? É possível identificar personagens, cenários e ações no objeto artístico? Os corpos contorcidos no painel "Guernica" de Pablo Picasso, por exemplo, expressam os horrores da guerra enquanto a escultura "Davi", de Michelangelo, representa a idealização humana. Ao observar essas obras, é importante que o espectador reflita sobre as suas próprias sensações e vá, aos poucos, construindo um repertório de imagens que influenciará diretamente no desenvolvimento de seu gosto artístico.
Além disso, toda obra é produzida sobre um suporte, possui um formato e um tamanho, utiliza determinado material, e foi criada a partir de uma técnica de produção. Observar esses aspectos também contribui com a leitura completa do trabalho. As enormes catedrais medievais foram feitas em pedra para durar a eternidade e alcançar os céus. Por outro lado, os grafites que preenchem os muros das grandes cidades aparecem e desaparecem no ritmo das mudanças do mundo atual.
Para compreender o contexto histórico é necessário utilizar algum conhecimento prévio. Uma obra produzida na França no século XIX, como A Liberdade guiando o povo, de Delacroix, certamente é melhor compreendida se associada à Era das revoluções com suas bandeiras e ideologias; enquanto que Os Profetas, de Aleijadinho, nas Minas Gerais no século XVIII, são reveladoras da identidade do Brasil Colônia, suas riquezas e etnias. Associar a obra à realidade socioeconômica e cultural a que pertence torna a compreensão a respeito do trabalho do artista muito mais completa.
Por fim, o mais importante em uma obra de arte é sua Dimensão ou Função Social. A arte nem sempre é produzida apenas para embelezar o mundo. Algumas obras como as Pirâmides egípcias destinam-se a ligar os homens aos deuses e a vida após a morte, têm uma função mágica ou ritualística; outras como a Batalha do Riachuelo, de Victor Meirelles, têm por objetivo representar heroicamente um momento histórico e possui clara conotação política nacionalista.
Olhar para as obras de arte de maneira contextualizada e investigativa é um treino que desenvolve a habilidade de percepção do mundo de forma cada vez mais ampla e aprofundada, o que contribui para que, por meio do diálogo com os artistas e seus trabalhos, possamos conhecer melhor nosso próprio universo interior.
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