5 filmes para assistir antes dos vestibulares sobre História do Brasil
*Por Daniel Perry
É comum ouvir a pergunta, especialmente quando se aproximam os vestibulares e bate aquela ansiedade: "professor, pode me indicar alguns filmes pra eu aprender História?".
Bem, vale ressaltar que nada se aprende num passe de mágica, muito menos História. Seria necessário assistir a muitos, muitos filmes mesmo para se ter uma visão abrangente do processo histórico. Mas como então usar a sétima arte para aprimorar seus conhecimentos para o vestibular?
O vestibulando deve encarar o cinema como uma forma de ampliar seu repertório cultural, aumentando dessa forma seu poder de argumentação. Nessa reta final, assistir a produções que lhe forneçam subsídios para desenvolver discussões em redações e questões discursivas é um bom caminho. E, tratando-se de História do Brasil, há ótimas opções. Veja a seguir algumas delas.
Desmundo (Alain Fresnot, 2003) é uma delas. Este filme trata do Brasil no século XVI e aborda questões como a condição feminina; as tensões entre colonos, jesuítas, cristãos-novos e índios; aspectos do cotidiano da época, dentre outros elementos. Quem assiste entende que o Brasil, diferentemente da "visão idílica do paraíso", era um "não-mundo", ou seja, um "desmundo".
Outra sugestão é Abril despedaçado (Walter Salles, 2001). Ambientado no Nordeste da década de 1910, trata de aspectos do coronelismo, do patriarcalismo, da disputa pela terra e da tradição de vingança através do derramamento de sangue. Em meio à angústia, delicadas cenas que denotam a esperança de libertação de uma vida "despedaçada" pela aridez e violência que permeiam a sociedade brasileira.
Curtinho, com apenas 28 minutos de duração, Libertários (Lauro Escorel Filho, 1976) é um documentário que mostra um processo importante ocorrido no Brasil do início do século XX: a formação da classe operária e suas lutas por melhores condições trabalhistas. Com destaque para a famosa greve geral de 1917, esta produção mostra a influência de imigrantes portugueses, espanhóis e italianos no movimento sindicalista que dava seus primeiros passos num país que começava a respirar ares urbanos.
Chegando aos dias atuais, outro filme de grande impacto e que suscitou muitos debates é O dia que durou 21 anos (Camilo Tavares, 2012). Neste documentário sobre o golpe militar de 1964, por meio de entrevistas, como a de Lincoln Gordon, embaixador norte-americano no Brasil no período; áudios (é bastante interessante ouvir a preocupação de John Kennedy com os rumos do governo João Goulart) e depoimentos de pessoas que apoiaram o movimento é demonstrada a decisiva participação dos EUA no processo que mergulhou o país em mais de 20 anos de regime ditatorial.
E em relação aos filmes em cartaz, há algum que contribua para o vestibulando? Sem dúvida. O grande filme do momento é Que horas ela volta? (Ana Muylaert, 2015). "Mas não é um filme sobre dilemas contemporâneos?", deve estar se perguntando o estudante. Contudo, são problemas de origem histórica. Há nessa belíssima película a discussão sobre as tensões (às vezes escancaradas, à vezes escondidas) entre patrões e empregados. Num Brasil de origem escravista, é interessante observar o processo de libertação da empregada doméstica da suave dominação a que estava submetida. Controverso? Certamente. Mas saber abordar analiticamente polêmicas é um dos grandes desafios do vestibulando.
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